segunda-feira, março 19, 2012

Crentes insatisfeitos


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Cruzando o Mar da Galiléia

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"De que se queixa, pois, o homem vivente?

Queixe-se cada um dos seus pecados."
Lamentações 3.39
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João Cruzué

Quero refletir um pouco sobre as dificuldades de orientação que nós cristãos, já conhecedores da Palavra, enfrentamos ao ficar insatisfeitos pensando na Igreja perfeita, um porto seguro para congregar com a família em tempos tão profanos. Um dilema bastante comum em nossos dias.

A Igreja do Senhor é perfeita, todavia, constituída de membros imperfeitos que por opção pessoal podem ser lapidados ou não pela palavra. Não sei porquê, mas por duas vezes Ernest Hemingway passou pela minha mente quando dei título ao post, e neste parágrafo em particular, lembrei-me daquele prefácio do pastor anglicano John Donne no Livro "Por Quem os Sinos Dobram":

“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.


O individualismo hoje tem um viés mais forte  que nunca e o isolamento pode  alimentar em nós uma profunda insatisfação com a própria Igreja. É neste ponto que começamos a ver no próximo os defeitos que na verdade  estão presentes em nós.

Certa vez Jesus ordenou aos discípulos que cruzassem o "Mar" da Galiléia, enquanto ele ficou para trás. Foi orar. Interessante: Se Jesus era Deus, por que precisava orar? A resposta que encontrei foi: Pelo prazer da comunhão; de estar em contato com o Pai. Há uma didática (antiga) neste hábito: Se o que era perfeito buscava comunhão para suas orientações diárias, então, nós cristãos por mais "sabidos" que somos, também necessitamos da mesma disciplina, para manter viva a mesma comunhão.

Os discípulos corriam perigo. O Senhor os viu em plena luta e os socorreu. Entrou no barco, repreendeu o vento e mandou que o mar se calasse. Há muitos cristãos à deriva, açoitados pela força do vento e fustigados pela fúria do mar. O vento das novidades, o mar do secularismo e a fúria de um olhar crítico. Ficamos insatisfeitos e esta insatisfação tanto pode ser benéfica quanto perigosa, dependendo do caminho que tomarmos.

A crise de identidade evangélica pode nos levar a um aumento da sede de comunhão com o Senhor. Neste sentido, é Deus quem nos coloca no barco e manda que atravessemos o mar. Embora não esteja no barco o tempo todo, Ele  observa atentamente. Isso produz experiência, crescimento, e desejo de maior comunhão.

Outro tipo de crise de insatisfação pode nos açoitar - como aconteceu com o filho pródigo. Esta não produz sede de oração nem desejo de comunhão com Deus. Ela é perigosa, pois nossos olhos focam apenas os defeitos naquilo que observam: Excesso de ortodoxia, liturgias adormecedoras, pastores ignorantes, antagonistas em lugar de irmãos, teologia da prosperidade entrando e saindo dos púlpitos, política secular ocupando mais o tempo pastoral que planos de evangelizção. Nesse ponto, o mundo começa a parecer mais justo que a própria Igreja. Aqui mora o perigo.

Não havia nada errado com com a casa do Filho Pródigo. O coração do moço foi sendo envenenado aos poucos pelo seu (ou de outrem) pensamento crítico exagerado. Sua insatisfação pessoal o levou ao desvario, depois ao desvio, ao desperdício e à derrota. Creio que foram as orações do Pai que o trouxe de volta, pois coube ao jovem o benefício da inexperiência.

A insatisfação de cristãos experientes pode ser mais complexa. E tanto mais perigosa. É a insatisfação do filho mais velho da mesma parábola. Ele começou a criticar a justiça do próprio pai. 

Eu fico pensando. É bem possível que a causa do "envenenamento" da mente do irmão caçula pode ter sido as críticas do primogênito. E esta também pode ser a mesma explicação para tantos filhos de crentes que tomam o destino do mundo, envenenados pelo criticismo dos mais velhos, que se parecem mais com o "acusador" de Jó.

Se por um lado é difícil encontrar a Igreja perfeita, aquela que possa satisfazer o gosto de cada um, por outro, o conhecimento bíblico de lidar com a situação já faz parte da bagagem. Se Jesus, que era muito mais experiente e sábio, tinha seus problemas de orientação e solidão e os resolvia através de mais comunhão, não há outro caminho senão buscá-la através de orações individuais ou em cultos domésticos.

O Senhor era profundo conhecedor dos corações e da hipocrisia humana. Não desperdiçava seu tempo anotando defeitos, nem murmurando das pessoas, nem jogando-lhes na face os pecados. Por então um crente deveria adotar este comportamento  mesquinho? O diabo sim, quando nos vê, só comenta coisas ruins. Jesus não é assim: Ele nos vê com olhos compassivos. Ainda que tivéssemos mil defeitos e apenas uma virtude, é sobre ela que Ele focaria seus olhos para  nos animar.

O mar está revolto por causa da fúria do vento? O barco está fazendo água e parece cada vez menor diante das ondas do mar? Quem sabe a solução não esteja em abandonar o barco, mas em trazer Jesus para dentro dele?





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sábado, março 17, 2012

O retorno do Rei

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PÁSCOA CRISTÃ 2012
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João Cruzué

A profecia vai se cumprir e o mesmo Cristo,  crucificado em uma cruz para perdoar os pecados da humanidade, vai voltar em breve para cumprir a profecia e estabelecer o Reino de Deus na terra - com poder e grande glória.

Páscoa não tem nada a ver com coelhos,  ovos de chocolates nem outros produtos da mesa dos publicitários, criados para produzir novos desejos de consumo entre as massas; muito eficientes para vender, mas que encobrem e procuram distorcer o real significado desta data.

Páscoa é livramento de um perigo real e imediato. Sua história remonta ao Egito, aos dias do Êxodo judaico. A Páscoa tem origem no mundo espiritual e provoca efeitos diretos no cotidiano temporal.


P A S S A D O

Jesus veio para o povo judeu, em cumprimento de muitas profecias, e  a mais bela delas se encontra em Isaías 9:6: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz."

Todavia, os judeus esperavam um Messias libertador descrito em profecia do Salmo 45: "Cinge a tua espada à coxa, ó valente, com a tua glória e a tua majestade. E neste teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da verdade, da mansidão e da justiça; e a tua destra te ensinará coisas terríveis. As tuas flechas são agudas no coração dos inimigos do rei, e por elas os povos caíram debaixo de ti."

E assim, inclinados a uma inversão de valores, focados em Roma e não em Jeovah, aborreceram o Cristo. Por isso foram protagonistas de outra profecia, a de que eles rejeitariam o Messias: "Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR? tudo registrado no capítulo 53 do Livro de Isaías.

E na última semana de vida entre os judeus, Jesus desejou ardentemente celebrar a Páscoa com seus discípulos, que Lucas registrou assim: "E, chegada a hora, JESUS se pôs à mesa, e com ele os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; Porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus.

E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai."

A Páscoa foi celebrada pelo povo de Israel pela primeira vez no Egito. No tempo de Moisés, Páscoa tinha o siginificado de "Passar por cima" dizer; em sentido mais abrantente tem o sentido de livramento imediato. Um mal estava a caminho das famílias em todo o Egito. Aquela que colocasse o sangue de um cordeiro na ombreira da sua porta ficaria livre, protegida, da morte do primogênito.

Mas se o anjo destruidor visse mancha de sangue na porta, passaria por cima daquela casa sem executar o mandado. O povo daquela terra desprezava os judeus e o seu Deus, pois o achavam fraco - Deus de escravos. E o anjo passou e executou o juízo. No outro dia, em todo Egito havia um grande lamento, pela morte dos primogênitos.


P R E S E N T E

A Páscoa de hoje está profundamente enraizada em nossa cultura. Sua consciência, símbolo, e profecia, no entanto são desconhecidos de crianças, adolescentes e jovens. Mas parafraseando o Pr. Vanelli, em seu ótimo texto: O reinado do coelho se finda, eis que vem aí o Cordeiro!

Sabemos que não foi com coisas corruptíveis, como ouro, prata, Letras do Tesouro Americano ou coelhos que se paga o resgate de uma vã maneira de viver - que por tradição se recebe dos pais, novelas ou mestres.

O Faraó do Egito escravizava a nação de Israel sob um chicote duro e real. Mas quem são os faraós opressores do século XXI? Não é um homem nem uma nação. É uma cultura universal que adora o ganho e ama dinheiro acima de qualquer coisa. Há dinheiro no mundo para resolver toda fome e derrubar todo tirano da África. Mas ele está sendo gasto em aquisição de armas. Há dinheiro no Brasil para dar 10 vezes mais o valor do bolsa-família. Mas ele está sendo desviado para pagar 200 bilhões em juros (por ano) para os cofres dos barões do capital financeiro. O amor ao dinheiro tem sido o pior dos faraós em nosso século.

O segundo faraó é o egoísmo. A consciência global de hoje pensa assim: que o pobre e o miserável sofram - o que temos a ver com isso? que o analfabeto continue ignorante; que morra o doente - para não gastar o dinheiro da saúde; louvado seja o corrupto esperto que não se deixa apanhar e que sofra nos tribunais os otários que passam recibo; que todo mundo se dane, enquanto eu me der bem; que valha mais uma mentira que me proteja que a verdade que desnude o meu caráter. Que a paz seja a prioridade número 1, desde que não atrapalhe a produção filmes belicosos, novelas imorais e músicas podres. Cristo? ora Cristo... era um santo, mas não tempo para fraquezas. Igreja? todo pastor e padre são ladrões! Só buscam o meu dinheiro.


F U T U R O

E quando o Rei, Senhor Jesus Cristo retornar, ele vai dar início físico do Reino de Deus na Terra. E depois de mil anos virá o grande dia do juízo final, em que serão julgados os vivos e os mortos. O mar e a terra vão devolver o pó e a lama para reconstruir cada corpo. Os espíritos dos que morreram voltaram para habitar os corpos refeitos

Para quê? Todos hão de comparecer perante o Rei. Diante dele todo joelho se dobrará para receber o prêmio de acordo com suas obras. O Livro da Vida será aberto diante de cada pessoa, para que ela veja com os próprios olhos se seu nome está na lista dos que passaram no "vestibular dos salvos. E no Livro das Obras as ações e omissões de cada um serão lidas e confirmadas.

No filme "O Retorno do Rei", o último da trilogia "O Senhor dos Anéis", Denethor II era o regente que ocupava o Trono de Gondor. O pai de Boromir e Faramir. A guerra rompia com fúria os portões da cidade, mas ele não via guerra nenhuma. Estava completamente alheio e ausente. A destruição estava a caminho e nenhuma providência tomou a não ser obrigar o filho mais novo a sair para enfrentar a morte.

Há 6,5 bilhões de pessoas vivendo seus dias na terra. A maioria não sabe que há um mundo espiritual oculto aos olhos físicos, que não podem enxergá-lo. Mas ele está lá. O que acontece lá, repercute depois no plano físico; tal como as ondas em um lago, provocadas pelo cair de um objeto. Satanás é como Sauron. Os orks são seus milhões ou bilhões de demônios. Há anjos caídos ainda mais poderosos - como os Trolls. E príncipes das trevas mais destruidores que o Balrog. Eles são os agentes do reino das trevas, um mundo real no plano espiritual.

Mas a profecia bíblica mostra que Jesus era o Messias esperado e rejeitado pelos Judeus. Ele é o Rei. O filho unigênito do único Deus verdadeiro, o YHWH da TORAH dos judeus. O texto a seguir mostra como e quando Ele voltará


O RETORNO DO REI:

"E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.

"E, estando os discípulos de Cristo com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco.

--Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir. E eis que Ele vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Ele é o Alfa e o Omega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.

"E me virei para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; E no meio dos sete castiçais um, semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas.

E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro."


Meus outros textos de Páscoa

Páscoa Cristã 2008

Domingo de Páscoa

Páscoa Cristã 2009

Jesus o Cordeiro Definitivo

A Páscoa de Isabela





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