segunda-feira, outubro 01, 2012

Igreja, oração e política


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João Cruzué


Estamos na primeira semana de outubro de 2012. O primeiro turno das eleições municipais está marcado para o dia sete. A efervescência eleitoral está no ápice; em alguns lugares mais outros menos. Voto na Capital paulista desde 1974 - a primeira eleição direta - ainda no meio dos anos de chumbo. Sou crente desde aquela época, e o assunto que estou tratando é se a Igreja deve ou não se meter com política.

Primeiro vamos pontuar uma coisa: política e poder político. 

Em minha pesquisa na internet, escolhi a explicação mais simples que vem do site do MPF - Ministério Público Federal: "A palavra política tem vários significados. Um deles é o ato de governar, de administrar e cuidar das instituições públicas, ou seja, do Estado."

Quando olhamos para o passado, principalmente antes da Revolução Francesa, vemos a Igreja Católica exercendo o poder político. Em nossos dias, também podemos ver o Irã - a antiga Pérsia - também sendo governado por religiosos. Minha opinião? A religião no comando de um país é a pior forma de ditadura. O passado e o presente nos ensinam a ficar atentos quanto a isto. Religião no poder é símbolo e prática de INTOLERÂNCIA.

Por outro lado, se a governança religiosa é um desastre, o ensino do exercício da política aos fiéis é necessário, principalmente em um país latino como o nosso - cheio de governos populistas e assistencialistas, que preferem dar o peixe (para cevar o pobre) em lugar da vara e das iscas de pescar.

Gastar bem os dinheiros públicos  cujas fontes vêm de nossos bolsos é um dever da União, do Estado e do Município. Como existem várias necessidades e recursos limitados para atendê-las, aqui entra o exercício da política, das negociações, das ponderações, das pressões  - como um cabo de guerra. O recurso deve ir para onde é mais necessário.

Quando o Brasil saiu da ditadura, a participação popular nos assuntos políticos não apareceu de um dia para o outro. Os militares condicionaram o povo a não participar dela. Isto ainda acontece hoje, trinta anos depois.

Se como governo político temporal a Igreja é um desastre a ser evitado,  ela totalmente ausente da política e não cumpre sua missão cristã de zelar pela paz, prosperidade e esclarecimento das comunidades. O ensino da política aos cidadãos, no meu entendimento, é uma normal da Igreja, uma vez que ensina o espiritual.

O cidadão comum precisa ser esclarecido quanto às propostas políticas de seus futuros mandatários. Quanto ao equilíbrio do poder. Quanto ao incentivo aos cidadãos de bem a participarem direta e indiretamente do processo político. A Igreja, na pessoa de seus pastores, padres, bispos, obreiros,  precisa cobrar melhor distribuição de renda. Ensinar que o salário e o pró-labore são melhores que as bolsas-esmolas. Que a dependência do povo à eternas medidas de compensação de renda, leva este povo à subserviência de governos populistas.

Os oficiais religiosos não devem abandonar a batina e o paletó para servirem a um governo menor de natureza terrena, a não ser em situações especiais de direção divina. O que aconteceu recentemente no Paraguai é um belo exemplo disso. O que aconteceu no "mensalão" também é outro. Dai ao púlpito o que é do púlpito, e a césar o que é de César. Cada um no seu quadrado. O chamado de Deus para o púlpito é só para o púlpito. Deus não vai trocá-lo no meio do caminho para a tribuna. A posição do púlpito é mais alta que a da tribuna.

O fiel tem  direitos de cidadania iguais aos dos  não  religiosos.

A vocação para o governo da coisa pública também é uma bênção. A arte de conversar, e conversar, e fazer acordos, e definir prioridades, e atender às necessidades prementes não são habilidades naturais de todos. Toda autoridade vem de Deus, e a bagunça, o vácuo de poder são situações a serem evitadas, pois quando um país perde o governo, passa a sofrer os desmandos e a carnificina  de grupos de poder.

A Igreja deve sim cuidar da oração da assistência aos necessitados, mas sem esquecer de atuar na alfabetização e esclarecimentos políticos de seus fiéis. Ensiná-los, sim. Manobrá-los e explorá-los, não. A tolerância e respeito à cidadania dos não religiosos é o ponto de equilíbrio, para  a paz de um país.

O Brasil tem muitas desigualdades, muita gente dependente de esmolas do governo, que não está presente no dia a dia do povo, mas a Igreja está. Na parábola do "Bom Samaritano" temos um bom exemplo bíblico da falta de atuação de religiosos quanto às necessidades mais urgentes do povo, mas ocupados com seus próprios labores, o levita e o sacerdote abandonaram o objeto da sua fé, atribulados com coisas secundárias.

Ensinar apenas o "Pai Nosso" ao ignorante que  não tem nada para comer, é um ato de hipocrisia ímpar. Cuidar dos rudimentos da fé de um fiel sem abrir os olhos da sua cidadania, é como calçar o tênis do maratonista em pé errado. É dar um livro, sem ensinar a ler.

O voto é inegociável e secreto. O voto de cabresto é uma atividade existente no meio das Igrejas, sempre denunciada pela Imprensa livre. Tem gente que está tão acostumada a ver com os olhos dos outros que nem percebe a existência do cabresto. Se isto não é esclarecido na Igreja, muito provavelmente esta prática, ali dentro seja comum. O voto não pode ser CONDUZIDO pelo bispo, padre ou pastor. O cidadão consciente deve escolher seus candidatos - não pelo bom senso dos outros - mas fazendo sua própria análise dentro da sua casa, ouvindo as opiniões de sua família.

Por último, um governo municipal não vai funcionar bem com a eleição de um único homem. É preciso observar com quem ele anda. Quem são seus pares. Quem são os partidos coligados, pois é do meio dessa turma que ele vai compor o executivo da Prefeitura. Se você não levar isto em conta, vai se decepcionar. E a prioridade em uma eleição municipal não é a escolha do Prefeito, mas do melhor representante para o Legislativo - A Câmara Municipal. São os vereadores que aprovam as leis, e se assim é, a Igreja deve instruir o povo a sufragar pessoas com compromisso com as causas cristãs - que são muito diferentes das "causas" da Igreja.

Lugar de religioso é no púlpito. Sim! Orando, mas ensinando os fiéis   a praticar e participar ativamente do processo político com plena cidadania.











Como fazer mudas em saquinhos



DICAS PRÁTICAS DE FÁCIL EN
TENDIMENTO

Jatob - 14.12.08 

Jatobá com 35 dias.

Autor: João Cruzué*

Esta é a terceira vez que deixo meus conhecimentos de caipira à disposição de quem anda procurando algum texto sobre o assunto, mas não encontra um lugar sequer que ensina a prática disso. Ação: vamos aprender juntos com fazer mudas em saquinhos de polietilieno.

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FERRAMENTAS
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1) Enxada.

2) Pá.

3) Peneira de pedreiro de crivo médio.

4) Dois baldes de plástico 10L

5) Duas  PET's grandes, de iogurte, serradas ao meio.

6) Carrinho de pedreiro

7) Regador de plástico

8) Duas colheres,uma de sopa e outra de chá.


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EMBALAGENS
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8) Um kg de saquinos de polietileno usados para semear cafeeiro.

9) Uma lona plástica de uns 2m x 2m


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ADUBOS
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9) Um saco de cal comum de pintar parede

10) Um kg de adubo químico 04.14.08

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SUBSTRATOS
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11) Um carrinho de pedreiro com terra (argila) vermelha de barranco

12) Um carrinho de areia média de construção

13) um carrinho com terra vegetal ou esterco (seco) de bois


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PRIMEIRA ETAPA
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A - Misturar os três substratos.

B - Peneire a mistura e depois a espalhe sobre a lona plástica. Deixe por 04 dias em sol bem quente para esterilização.
  

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SEGUNDA ETAPA
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C - Junte a mistura em um monte e abra uma cratera grande. Sobre a lona ou em outro espaço limpo ou acimentado.

D - Encha 03 baldes de água limpa. Em cada balde coloque duas colheres de sopa, bem cheias, com cal de parede. A medida de água é suficiente para umedecer a mistura sem transformá-la em barro.

E - Despeje a água dos três baldes na cratera do monte  sem deixar a água vazar.

F - Com  pá ou enxada, vá colocando a terra da mistura das bordas para dentro da cratera cheia de água. Por fim, sem entornar a água, vá misturando como se fosse  massa de pedreiro.

Explicação: depois que a terra foi esterilizada no sol ela perdeu vida. Ao juntar a terra misturada com água, a vida vai retornar aos poucos.

G - Deixe a mistura coberta com a lona uns dois dias.


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TERCEIRA ETAPA
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H - leve a mistura umedecida, já quase seca, para um lugar sombreado, aonde você vai encher os saquinhos de polietileno com a terra.

I -  Abra a boca do saquinho, coloque o bico da garrafa Pet de iogurte (grande) dentro dele,  e encha apenas um terço dele.

J - Sobre a terra (1/3) do saquinho, ponha uma colher de chá de adubo 04-14-08.

L - Adicione mais um terço de terra.

M - Sobre os 2/3 de terra  do saquinho, coloque duas sementes.

N - Sementes pequenas vão precisar de uma cobertura de um 0,5cm de terra por cima; Exemplo: sementes de verduras, legumes e eucalipto.

O - Sementes de tamanho médio, podem ficar debaixo de 1cm de terra.

P - Sementes muito grandes (tamanho semente de mangueira) debaixo de dois a três cm.

Detalhe: Se ouver informações científicas, usá-las, no que diz respeito à profundidade de colocação das sementes.

Q - Coloque os saquinhos todos juntos e já semeados em lugar escuro ou coberto. A germinação se processa melhor em ausência de Luz. Exemplo: o eucalipto.

R - Leve os saquinhos para um lugar onde não sofram ação de  animais domésticos.


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IRRIGAÇÃO
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S - Deixe claros entre os saquinhos para despejar a água da irrigação, para que ela molhe a terra de baixo para cima. No primeiro dia da semeadura pode usar o regador para mollhar de cima para baixo.

T - Sementes não nascem no barro. A terra do saquinho não deve estar nem seca nem barrenta.

U - As mudinhas, uma vez germinadas, devem sair da cobertura ou do escuro, sem pegar luz direta do sol, principalmente à tarde.

V - Se possível não molhar as folhas das mudas. A água costuma levar embora os minerais. Não descuide um dia sequer da questão irrigação. Você pode perder todo um trabalho se esquecer de irrigar por apenas alguns dias.

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PLANTIO DEFINITIVO
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X - Normalmente o saquinho de polietileno, próprio para cafeeiro (20cm x 8cm) é adequado para mudas com até 15 a 20cm de altura. Se a espécie a ser plantada é uma árvore silvestre, use uma embalagem de semeadura um pouco mais larga. Recentemente fiz isto com jacarandá mimoso e pau ferro (Caesalpina ferrea)

Z - Não sou doutor  no assunto, apenas um plantador de árvores.

Nota: O Autor é servidor público em Tribunal do Estado de São Paulo. Criado até os 18 anos em sítio da Região Mineira do Vale do Rio Doce, entre as cidades de Caratinga e Governador Valadares.

Sobre o mesmo assunto: Blog Eco View


cruzue@gmail.com


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