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sexta-feira, outubro 10, 2014

Entre a fé a a dúvida - Tiago 1:6



Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte.
Tiago 1:6


Wilma Rejane

A fé tem uma inimiga declarada: a dúvida.  Essa palavra no grego se traduz como “diakrino” (strong 1252) significando: separar dois elementos, componentes ou valores. Também sugere hesitação entre esperança e medo. Dúvida gera conflito, incerteza.  Apostolo Tiago compara um coração duvidoso às ondas do mar, levadas de uma direção a outra pela força do vento Tg 1:6. Na filosofia, dúvida é principio de sabedoria,  porque através dela se estabelece  métodos que conduzirão  a respostas concretas. Descartes é o criador da  “duvida metódica” que sugere duvidarmos  de tudo para enfim chegarmos  a certeza das coisas: “penso, logo existo”, é  a máxima do pensamento cartesiano,  que coloca a razão no centro do viver. "Eu duvido, logo penso, logo existo".


O pensar, deveria ter por base,  o concreto,  e este, deveria ser distinto de tudo quanto era tido por verdade; fé não se encaixa nesse ideal, consequentemente "minimiza-se" Deus.   Eis aqui o conflito que perdura por séculos e que fez fé e razão se tornarem opositoras. Ciência quer provas concretas.  Fé se fundamenta no invisível: “ora a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” Hb 11:1. Enquanto a ciência necessita da dúvida, a fé a rejeita: ela é como areia movediça, terreno perigoso, prestes a devorar o morto. Fé não habita onde houver dúvida. Eis a loucura da Cruz, o mistério do Evangelho.

“ Porque a Palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está ó sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor desse século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?.” I Cor 1:18-20.

Deus é uma questão de fé. Fé não duvida, ela tem certeza, mesmo diante do invisível. E esse invisível é tão verdadeiro para os que têm fé que passa a ser concreto. Se ele é concreto é prova. Se é prova é real, é inquestionável. “De fé em fé se descobre a justiça de Deus, porque está escrito: o justo viverá pela fé” Rm 1:17. Viver pela fé, significa ser elevado acima do possível. Fé é um universo eterno, onde habita o coração dos crentes. Esse coração  convive com a graça Divina e  recebe também do que é Divino. Fé, se firma no túmulo vazio de Jesus. Na cruz que outrora O sustentou, mas que agora se ergue sem Ele, que ressuscitou! Na fé, é Ele quem nos sustenta.


 “ E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas sentindo o vento forte, teve medo; e começando a ir para o fundo, clamou dizendo: Senhor, salva-me. E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o e disse-lhe: homem de pequena fé, por que duvidaste?” Mt 14:29,31


Tenha fé, não duvide em seu coração. Onde houver dúvida, é impossível que haja fé. Acredite em todo o tempo, mesmo que não haja circunstâncias para isso. Firme-se na Palavra viva e eficaz que é Jesus, Ele estará segurando suas mãos para que ande sobre as águas. Mas não duvide. Pedro duvidou e afundou.  Se a dúvida também  tivesse entrado no coração de Abraão, ele não teria sido o patriarca das nações, de crentes. Jamais teria sido tão abençoado! Deus lhe disse: “Abraão sai da tua casa e da tua parentela, para um lugar que eu te mostrarei” Gn 12:1. Ele poderia ter  hesitado, temido, desistido, diante do desconhecido. Mas a fé, é a prova do que se não vê e ele tão somente confiou. Segurou nas mãos de Jesus e seguiu em frente. Nenhuma chance à dúvida.


Hb 11:8 Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, saindo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.



Não posso deixar de dizer sobre a importância de não menosprezarmos a ciência. Se ela é razão, devemos utilizá-la para compreender a vida. Tiremos a razão, quanto ciência de nosso quotidiano, e ficaremos desnorteados porque Deus fez o mundo com uma ordem tal que tudo funciona perfeitamente. Ele criou a ciência como lógica sustentável.  O cientista Albert Einstein, fascinado com as descobertas sobre o Universo falou: “Deus não joga dados com o mundo”. Ou seja: A criação não é aleatória. A ciência nos orienta na compreensão das coisas. Nós somos ciência. Seres assombrosamente bem planejados! E temos um espírito. Somos fé. E a fé é a direção de uma vida melhor, de salvação e eternidade. Em assuntos de fé, não cabe dúvida. Em assuntos de ciência, ela é necessária, a dúvida move as pesquisas.


Eis um trecho das Escrituras que define perfeitamente a importância da fé e da razão : “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.  Romanos 12:1-2  “.  Nosso culto deve ser racional, pensado, lógico, equilibrado. Nisso cabe a dúvida, para que possamos ponderar a maneira certa e errada, sermos críticos e não nos deixarmos levar por engano. Agora, na medida que conhecemos, a fé aumenta e a dúvida se vai. “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir a Palavra de Deus” Rm 10:17. Essa é a fé que não duvida, aquela que conhece a Deus.

Conhecer a Deus é não duvidar de que Ele sempre fará o melhor por nós.  II Tm 1:7: "porque Ele não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza e de amor e de moderação." No silêncio, na alegria, na dor, em todos os momentos de nossa vida, tenhamos a certeza de que Deus cuida de nós, para além do que possamos compreender. E nós nem sempre precisamos compreender, mas crer.



Ter fé é continuar crendo diante do sim, não e do silêncio de Deus, é amá- Lo quando Ele tudo nos dá ou quando nos falta. Se você conhece a Bíblia, lembrará que a fé é exercitada justo quando tudo se mostra contrário ao cumprimento do que cremos. Abraão precisou se manter animado por um filho diante de uma esposa aparentemente incapaz de gerar. José, poderia ter desistido de sonhar enquanto estava na prisão sendo ajudante de carcereiro, mas não, ele continuou crendo. O que dizer do apóstolo Paulo? Escreveu a maior parte de suas cartas enquanto estava na prisão.

Crianças japonesas em campos de mostarda

O Reino é assim como um grão de mostarda (Mateus 13:31,32)

Pensar que a realização do milagre depende de nossa fé, pode ser desanimador: "quer dizer que tenho que ter grande fé, sou o culpado por não receber, o que há de errado comigo?" Por estas causas a fé não deve reinar solitária em qualquer coração, mas estar acompanhada de um relacionamento intimo e sincero com o Pai. Jesus disse que a nossa fé pode ser do tamanho de um grão de mostarda e ainda assim funcionará. Analisando este ensinamento de Jesus sobre fé e mostarda, perceberemos que a fé sendo pequena, a hortaliça cresce ocupando grandes territórios que simbolizam o Reino de Deus.

É que fé não existe apenas para recebermos o que pedimos, mas para crescermos no relacionamento com Deus e com o próximo. Que lindo mistério, não?

E diante do sim, do não e do silêncio, o que vive pela fé compreende que o essencial é fazer parte do Reino de Deus, sabendo que nada poderá separá-lo do amor de Deus (Romanos 8:35). Dúvida, de fato, não opera esse milagre revelado em Cristo. É por isso que sempre valerá a pena não duvidar de que Deus está no controle da vida dos que por Ele buscam e esperam. Nada perdemos por pedir e acreditar, mas o conceder, somente Deus poderá fazer e independente do que Ele nos responda, prossigamos servindo-o e semeando nos campos de mostarda.

Deus o abençoe

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

O vento e o mar na vida do cristão


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Os discípulos cruzando o Mar da Galiléia
João Cruzué

Quero deixar algumas linhas sobre dificuldades de orientação para cristãos já amadurecidos. Conhecedores da Palavra, mas insatisfeitos,  à procura da Igreja perfeita. Um dilema bastante comum em nossos dias.

A Igreja do Senhor é perfeita. Todavia, é constituída de membros imperfeitos, que por opção pessoal, podem ser lapidados ou não pela palavra. Não sei o porquê, mas por duas vezes Ernest Hemingway veio a minha mente, quando dei título ao post (O velho e o mar) e neste parágrafo, quando lembrei-me de parte daquele prefácio do Livro Por Quem os Sinos Dobram - "Nenhum homem é uma ilha". Uma tendência ao individualismo, ao isolamento, pode produzir uma insatisfação com a própria Igreja. Neste ponto, começamos  ver no próximo defeitos que na verdade também estão em nós.

Jesus ordenou aos discípulos que cruzassem o "Mar" da Galiléia, enquanto ficava para trás, com certeza para orar. Interessante: se Jesus era Deus, por que precisava orar? A resposta era o hábito da comunhão com o Pai. Mas, há um algo didático neste hábito. Se o Perfeito buscava comunhão, através da oração, para suas orientações diárias, os cristãos maduros também carecem aprender o mesmo hábito para manter viva a mesma comunhão.

Os discípulos corriam perigo de morte e o Senhor os viu em plena luta e os socorreu. Entrando no barco e repreendendo o vento e o mar. Há muitos cristãos à deriva, açoitados pela força do vento e fúria do mar. O vento das novidades e o mar do secularismo. Ficamos insatisfeitos e esta insatisfação pode ser benéfica ou maligna.

Uma crise pode nos forçar a um aumento da sede de comunhão com o Senhor. Neste sentido, é Deus quem nos coloca no barco e manda atravessar o mar. Embora não esteja no barco o tempo todo, ele nos observar atentamente. Isso produz experiência, crescimento e maior comunhão.

Outra crise de insatisfação pode nos açoitar - como a do filho pródigo. Esta não produz nem sede de oração, nem desejo de comunhão com Deus. São olhos que focam apenas defeitos naquilo que observam: excesso de ortodoxia, liturgias adormecedoras, pastores ignorantes, antagonistas em lugar de irmãos, o mundo parece mais interessante que a viver da fé. Aqui mora o perigo.

Não era a "casa" do filho pródigo que era defeituosa. Não havia nada errado com ela. O coração do moço, sim, é que estava envenenado pelo mundo ou, eventualmente, pelas murmurações do irmão mais velho. Sua insatisfação o levou ao desvario, ao desperdício e aos porco. As orações do pai o trouxeram de volta, pois coube a ele o benefício da inexperiência.

A insatisfação de cristãos experientes pode ser mais complexa. Se por um lado é difícil encontrar uma Igreja que possa satisfazer a visão de cada um, por outro o conhecimento bíblico de lidar com a situação já faz parte da bagagem. Se Jesus, que era muito mais experiente e sábio que qualquer cristão maduro resolvia seus problemas de orientação e solidão através de mais comunhão, não há outro caminho buscá-la por orações sinceras. Se ele, como profundo conhecedor dos corações e da hipocrisia humana não desperdiçava seu tempo anotando defeitos, nem murmurando das pessoas, pois este comportamento mesquinho é maligno. O diabo quando nos vê, só enxerga coisa ruim, mas Jesus não é assim: Ele vê com olhos compassivos e ainda que a pessoa só tenha uma virtude, é sobre esta virtude que Ele foca e nos faz saber.

O "mar" está revolto por causa da fúria do vento? Quem sabe a solução não esteja em abandonar o barco, mas em trazer Jesus para dentro dele?

...Ou para dentro do seu coração!