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sábado, novembro 17, 2012

TV GLOBINHO E OS EVANGÉLICOS

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João Cruzue

Foi uma boa surpresa. Eu tinha acabado de tomar café com minha esposa, quando voltei à sala depois de ter visto parte do programa do Pr. Josué Gonçalves na Rede TV.  Estava passando um desenho animado sobre a vida de Moisés e eu cheguei bem na hora em que a voz de El Shadai, vindo de uma sarça ardente, ordenava a Moisés que tirasse as sandálias dos pés.

Deus começava a convencer Moisés  voltar aois Egito para libertar o povo de Israel. Inclusive, no desenho, Deus fazia Moisés ouvir os estalos dos chicotes e os gritos de dor dos açoitados. Imaginei que talvez estivesse vendo um desenhinho evangélico na Rede Record do Bispo Macedo; talvez  até estivesse assistindo o SBT de Sílvio Santos. No entanto, quando parei e procurei o logotipo da rede, veio a surpresa. Era o logo da Rede Globo. Então eu comecei a pensar em algumas coisas.

Decididamente a direção das organizações Globo resolvera "agradar" aos evangélicos. Ou, sendo mais pragmática, não continuar desprezando e desdenhando dos crentes. Os motivos devem com certeza começar pelo aspecto financeiro, uma vez que a maioria dos Irmãos ascendeu ou pertence à classe média.
Minhas conservadoras estimativas  mostram que os evangélicos poderam ser 25% da população  brasileira até 2015. Sendo a maioria da classe média, em termos de poder aquisitivo, devem representar uma enorme fatia do mercado consumidor para produtos populares que geralmente financiam as novelas da TV brasileira.

A Globo não se tornou evangélica.  Apenas mudou sua política estratégica em relação aos crentes por causa do poder que está em seus bolsos.  O aumento do faturamento da TV Globo nos próximos anos pode ser conseguido através de uma política de aproximação com os evangélicos.

Por exemplo, quando uma empresa de cosméticos adquire a cota principal de custeio de uma novela, (a L'Oreal) advinha quem vai ao supermercado e compra aquele shampoo, creme ou sabonete insistentemente divulgado nas vinhetas dos intervalos comerciais? São os consumidores de novelas, cada vez mais caindo no gosto do público  evangélico. Marcas de celulares, cosméticos, Bancos de varejo, remédios para dores de cabeça. Muito provavelmente, uma ou mais destas marcas populares, estejam penetrando agora com mais facilidade nos lares evangélicos pela porta das novelas.

O fascínio repentino da Globo pela cultura evangélica, como música dos artistas mais vendidos ou a divulgação de marchas e cruzadas do Pr. Silas Malafaia no Jornal Nacional não são  outra coisa senão  ões deliberadas para atrair a simpatia dos consumidores crentes - antes, uma meia dúzia de gatos pingados; hoje, 43 milhões ou um terço da população brasileira em 2020.  Parafraseando o slogam da campanha de Bill Cliton na corrida à Casa Branca  em 1992 contra George Bush (pai) : É o mercado, estupido!

Outra razão para o interesse das Orgqanizações Globo  com os evangélicos tem a ver com a concorrência com a Rede Record. Se o Bispo Macedo optou por fazer benchmarking com as novelas da Globo, a família Marinho decidiu fazer um contrataque na área religiosa  de atuação do Bispo. Daí, tenho certeza, veio o desenho animado do "Êxodus" que vi uma parte, hoje sábado 17.11.2012, pela manhã. 

Concorrência comercial.  Tenho certeza que em tempo não muito distante, poderemos até ver um programa evangélico mensal na Rede Globo. É mais que sabido que em matéria de música a cultura evangélica (principalmente assembleana) é um verdadeiro manancial de talentos.  Os melhores calouros do programa do Raul Gil são, principalmente, evangélicos.

Para fazer concorrência à RECORD, por outro lado, o público alvo precisava ter um potencial de renda substancial. E a Globo descobriu recentemente que os evangélicos o  têm. E este potencial cresceu a uma taxa média real de 4,91% ao ano nos últimos 10 anos. Só para se ter uma ideia,  a taxa média de crescimento da população brasileira no mesmo período foi de apenas 1,18%.

Mapa Evangelicos
Os dados das populações do Brasil e Evangélicos são do IBGE
Minhas perspectivas mostram o seguinte quadro para 2020: A taxa de crescimento da população brasileira entre 1991 e 2000 foi de 15,63%. Caiu no Censo 2010 para 12,47%. Considerando a possibilidade de que esta queda se mantenha,  em 2020 a população brasileira terá crescido 10,0%, e seremos 210 milhões de habitantes.  Os dados básicos para minha projeção foram extraídos dos Censos do IBGE, compilados no quadro acima.

Os evangélicos, por outro lado, cresceram 98,53% no período 1991-2000, sendo estimados em 26,1 milhões de crentes em 2000. No período seguinte, cresceram menos, voltando às taxas de crescimento habituais. Cresceram 61,45% nos 10 anos, e no Censo IBGE 2010 foram estimados em 42,3 milhões. Minhas perspectivas apontam para uma população de 68 milhões de evangélicos em 2020, com a manutenção da mesma taxa de crescimento anual de 4,91%.  

Portanto, em 2020, a razão entre a população evangélica de 68 milhões para uma população brasileira de 210 milhões estará em torno de 32,38%, ou seja,  quase  um terço da população brasileira será evangélica.

E considerando que um terço do mercado consumidor brasileiro será constituído de evangélicos até 2020, não restou outra alternativa às Organizações Globo senão mudar sua antiga  política de DESPREZO e PRECONCEITO para  uma nova estratégia  de RESPEITO e "INTERESSE" pela cultura dos crentes. Isto nada tem a ver, sejamos francos, com os  hinos de Ana Paula Valadão, mas com a conquista de uma nova fatia de mercado e aumento no faturamento. Para a Globo, os fins justificam os meios.