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sábado, maio 28, 2011

Como a sociedade brasileira vê os evangélicos

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.João Cruzué

A contribuição dos cidadãos evangélicos nas decisões do destino políticos do Brasil é um fenômeno recente. Talvez não tenha duas décadas. Não éramos vistos com bons olhos, mas nossa participação veio para ficar e crescer. Esta reação da sociedade à "intromissão" política já era esperada e devemos encará-la como normal. Quero ir além: para aumentar nossa participação no trato com as grandes desigualdades sociais precisamos falar mais, escrever mais, para que as pessoas comecem a entender o que pensamos.

Ser evangélico está em ascenção no Brasil. O fenômeno da música atual tem nome: Gospel. O bloco de reação ao kit gay tem nome: Bancada Evangélica. A liderança cristã mais barulhenta (espírito de bumbo) contra o ativismo gay na TV hoje é evangélica: Pastor Silas Malafaia. O Brasil tem hoje cinco grandes tele-evantelistas: Bispo Macedo, Missionário Romildo S. Soares, Apóstolo Valdemiro e Pastor Silas Malafaia. E mais devem seguir o mesmo caminho.

Os evangélicos estão incomodando? Sim. Eles estão tirando o sossego do monopólio dos formadores de opinião. Crentes gostam de "fazer" rádio, pregar na TV e participam ativamente de sites de relacionamentos sociais. Os defensores do laicismo aceitam que todos possam ter voz e expressão de pensamente - desde que não sejam religiosos.


Ora não há como desvestir os direitos de cidadania de uma pessoa por causa de sua religião. Não se justifica rejeitar o facismo usando argumentos facistas. Creio sinceramente que uma Igreja não deve mandar no Estado, pois a história mostra que isto é perigoso. Entretanto eu creio que a Igreja deve assumir seu papel de formar e conscientizar o crente de que além de cidadão do céu ele também é um ser político, e como tal deve saber que o Evangelho não exclui as ações sociais. O capítulo 25 de Mateus é muito esclarecedor.


Como evangélicos não temos um passado que nos envergonha. Pelo contrário. A Reforma e o pensamento protestante contribuiu grandemente para o progresso da humanidade. A começar pela imprensa e a quebra do monopólio romano. A Internet com seu imenso potencial de democratizar o conhecimento é a repetição democrática em maior escala do que foi a imprensa na produção de livros. E o primeiro livro que ela imprimiu foi a Bíblia na língua alemã. A era dos livros impressos durou 550 anos. Na contramão da história, a Inquisição queimava livros e pessoas. E impedia que os brasileiros tivessem acesso à instrução.


Se as lideranças evangélicas têm liberdade de falar contra o kit gay e contra o ativismo homossexual, a Igreja Romana fica surpreendentemente calada, por causa do seu telhado de vidro com milhares de trincas recentes de pedofilia. Pastores evangélicos têm seus defeitos. Muitos são acusados de avareza e charlatanismo, mas não propensos à pedofilia, porque o celibato não é exigido em seu sacerdócio.
A sociedade desconfia da religião. E com razão. No hinduísmo há o sistema ímpar de dominação pelo sistema de castas. No Islã, a situação da mulher é uma lástima. Se na teoria a coisa funciona, na prática a mulher é conhecida como um ser inferior e tratada com coisa. Um muçulmano pode ter até quatro esposas. O pai de bin Laden chegou a se casar 22 vezes. Pelo divórcio ele sempre tinha quatro mulheres, porque praticava o "descarte". Não quero falar da Igreja Católica, porque a história tem vastos registros da perversidade da Inquisição. Ela nivela por baixo e nos vê como potenciais inquisidores, o que não é verdade. Crentes não praticaram nem praticam inquisição.

Com receio ver os avanços científivos tolhidos por concepções religiosas radicais a sociedade não religiosa se inclina ao facismo, desejando que pessoas religiosas devem ficar de boca fechada por preconceito. Isto é negar a liberdade de expressão cantada em prosa e verso no dia a dia da grande mídia.

Temos sim o direito de expressar nossos pensamentos e exercer plenamente nossa cidadania. Assim como a maioria dos políticos acham que crente deva se ater à religião e deixar a política para os não religiosos, também creio que os crentes devam escolher melhor seus representantes e exigir um compromisso firme sobre os direitos de proteção à família.

Por que as ruas estão cheias de mendigos e noias?


Eis uma boa pergunta.

A resposta, eu creio, deve ter muito a ver com a desagregação familiar. Famílias mal constituídas ou constituídas sem nenhuma formalidade ou solenidade, fato ocorrido com os modismos do "amor livre" "amizade colorida" "ficar" e mais recentemente os bailes funks. As crianças que nascem em um berço construído de sexo e pouco amor, na grande maioria, crescem mal-amadas e vão repercutir em escala maior o mal que receberam. As ruas do Centro da cidade de São Paulo estão uma latrina a céu aberto utilizada por uma multidão de mendigos e nóias - a segunda ou terceira geração produzida pelas formas provisórias de constituição familiar.


O significado da palavra amor foi distorcido. Amar não é fazer sexo. É muito mais que isso. Na minha concepção sem a formalidade do casamento - instituído por Deus, uma família já começa com falta de alguma coisa ou a maior de todas: o temor de Deus.

Não é a Igreja que tem trazido as novidades que vêm desestruturando e apodrecendo a instituição familiar. Tenho visto alguns grandes formadores de opinião (não cristãos) martelar pejorativamente o conservadorismo das Igrejas em detrimento das novidades que aparecem lá fora e os encantam. O "fim da picada" foi ouvir que a UNESCO aprovou os vídeos e o manual do kit gay, e que por isso ele deve ser implantado aqui sem nenhuma oposição.

Estamos diante de uma das maiores oportunidades que a Igreja Evangélica já teve. A sociedade está a espera de cidadãos que estejam de fato preocupados em contribuir para equilibrar as terríveis desigualdades que apequenam esta nação. A pregação de um Evangelho com uma forma ação social. Ainda há 10% de analfabetismo a combater - 19 milhões de almas com o futuro negado. Mais de 130 milhões de adultos sem uma graduação superior. Milhões de pessoas sem vocação forte para o empreendedorismo.


Quem pode ensinar a estes irmãos que: SIM! ELES TAMBÉM PODEM, se acreditarem em Deus e também investirem tempo e muito esforço nos estudos? Ninguém, melhor que um Pastor e uma Igreja. Mas a pregação não deve consistir apenas em palavras. O Bispo Marcelo Crivella foi muito feliz, quando utilizou os lucros de seus CDs para concluir o Projeto da Fazenda Canaã na Bahia. Isto bastou para que o povo do Rio de Janeiro o elegesse por duas vezes Senador da República.


E antes de concluir também tenho uma palavra crítica, e muito forte, quanto o processo de evangelização atual. Com a melhoria da situação econômica da Igreja, Pastores e crentes se afastaram do "trigo". Jesus disse que aos pobres era anunciado o Reino de Deus, mas à medida que os pastores sobem de nível social eles não têm mais coragem e interesse em ir até onde os pobres estão. Não se trata de uma opção pelos pobres, mas de uma obrigação bíblica. O Evangelho precisa iluminar a almas dos mais necessitados, para que o milagre da multiplicação também os alcance para que sejam menos pobres ou deixem de sê-lo.

A elitização da Igreja tem sido sim uma causa recente à queda na taxa de crescimento dos evangélicos no Brasil. Isto precisa ser debatido e combatido.


Quero terminar dizendo que a Igreja Evangélica do atual momento tem uma dívida a quitar com a sociedade. Dar mais do que receber. Nunca se pediu tanto. Pedidos para custear somente a pregação do Evangelho. Esses recursos somem como fumaça. As congregações nas periferias onde falta de tudo não podem continuar sendo apenas bancas de arrecadação de dízimos. Está faltando visão. Mais generosidade e menos avareza. Sem um sério compromisso (amor) com os excluídos e menos favorecidos a Igreja Evangélica corre o risco de cair na hipocrisia. Pregar uma coisa e viver outra.


E, naturalmente não sou, nem pretendo ser o dono da verdade. Estou, sim, expressando com liberdade e responsabilidade a minha opinião.








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