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terça-feira, fevereiro 13, 2018

O papel dos pais na educação dos filhos

Filhos da graça

Por Cleuza da Silva Nogueira
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"Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos. " (Deuteronômio 11:18).

"E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando- te;" (Deuteronômio 11:19)

De tudo o que tenho aprendido na Bíblia sobre a educação espiritual da criança, sem desmerecer e nem diminuir o papel da igreja, a educação espiritual das crianças é, sobretudo, obrigação dos pais. Os pais são orientados biblicamente a, primeiro viver a Palavra e depois esmerar-se em ensiná-la aos seus filhos. Vemos em Deuteronômio que a criança precisa ser ensinada em todo o tempo para não se desviar dos caminhos do Senhor.

Tenho visto muitos pais reclamarem que criaram seus filhos na igreja e que depois seus filhos desviaram. Levar os filhos à igreja na Escola Dominical e nos cultos à noite e, às vezes, uma vez durante a semana, não faz da criança um servo do Senhor.

O exemplo em casa, a piedade no lar, culto doméstico, ensino na Palavra, o culto a Deus na Igreja ensinando a criança a fazer parte do Corpo de Cristo, o entusiasmo dos pais por Deus, pela obra no Calvário, pela igreja e pela obra de Deus, o compromisso dos pais com a verdade, o ensino de princípios e valores bíblicos, ensinados através do exemplo e da vida mesmo com Deus, o acompanhamento do crescimento espiritual dos filhos na Escola Dominical, e nos trabalhos da igreja, fazem dos filhos, verdadeiros servos de Deus. - "Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele." (Provérbios 22:6).

Não estou culpando os pais de Eloá, ou quem quer que seja pelo desfecho em sua vida, mas estou aproveitando para lembrar que os pais não podem e não devem deixar a educação espiritual dos seus filhos somente à cargo da igreja.

A maioria dos pais evangélicos que conheço, passam a semana inteira sem ler um versículo bíblico com seus filhos. Nunca perguntam aos professores da Escola Bíblica Dominical como seus filhos estão se desenvolvendo. Não os acompanham quando alguma atividade da EBD é enviada para casa. Mas não deixam de olhar o dever da escola secular deles. O filho pode faltar da EBD porque está cansado, coitado, mas da escola secular não pode faltar de forma alguma. Acham que fazem muito em levá-lo à igreja no domingo à noite. Compram livros, revistas e todo tipo de informação secular para formação intelectual dos seus filhos, mas às vezes não são capazes de adquirir nem a revistinha da EBD. Não investem nada na vida espiritual dos filhos. Não compram livros, revistas, jogos bíblicos, nada. Ainda reclamam em casa do pastor, da igreja, dos irmãos e do culto. Mas criou o filho na igreja.

A Igreja tem sua cota de responsabilidade e precisa cumprir bem seu papel, mas cabe aos pais situarem-se no processo.






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terça-feira, março 17, 2015

A Favela da Rocinha e o pagamento de juros pelo governo brasileiro

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Rocinha
Favela da Rocinha

João Cruzué

Em 1976 (há 29 anos) uma jovem senhora evangélica, foi ao Rio de Janeiro a convite de amigas cariocas da Igreja Assembleia de Deus. Levava consigo a filha de dois anos e não sabia que suas anfitriãs moravam na região da Favela da Rocinha. 


Assim que chegou, sua anfitriã a levou às "autoridades" locais para as apresentações: Olha fulano, está é minha amiga, irmã de Igreja de São Paulo e este bebê é a filhinha dela. Ela veio aqui para visitar e cantar em nossa Igreja. O tal fulano, armado, olhou e tomou conhecimento. Minha conhecida ficou tão surpresa, para não dizer assustada, que ao dar alguns passos torceu o pé e voltou com ele engessado.

Há mais de 29 anos a comunidade da Rocinha está de alguma forma debaixo da lei do tráfico que a cada ano foi ocupando e ocupando o vácuo do Estado. A invasão policial, acontecida em novembro de 2011, foi um espetáculo produzido especialmente para as câmeras de TV. Por que demoraram tanto?

O fermento em pó que branqueou a Rocinha nos últimos 29 anos, na verdade já se espalhou e cresce exponencialmente em centenas de outras favelas das periferias de grandes cidades. É como se fosse uma franquia de um supermercado cujos produtos são: O pó, a erva, o crack, o oxi... tendo como fundo musical som do "pancadão" dos bailes funks.

Segundo declaração (não confirmada) de Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, metade de seu faturamento de
 100 milhões de reais por ano (2011) seguia para o bolso de policiais do Rio. O tráfico da rocinha pagava bem: 200 reais por semana para os enroladores e 1.500,00 para os empregados no refino. A "empresa Rocinha Pó Ltda." faturava 2 milhões de reais por semana. Ela prosperou não apenas pelo vácuo do poder do Estado, mas porque parte desse poder se "associou" à empresa.

O que está sendo mostrado na Rocinha é o retrato em maior escala do que está acontecendo nas favelas do Brasil inteiro. O termo País emergente, 350 bilhões de dólares em reservas, o saldo positivo de 3 bilhões da balança comercial em setembro de 2011 é apenas vaidade, conversa para boi dormir. O passivo social deste País, a dívida para com estas milhões de pessoas que procuram viver e sobreviver nestas favelas é cerca de 10, 20 vezes mais do que as garantias (reservas de 350 bilhões) dos barões dos Bancos.

A cada meio ponto porcentual que o COPON derruba da taxa SELIC, um bando abutres (economistas de meia tigela) irritados se faz ouvir. Sei que não é tão simples assim mexer nas variáveis macroeconômicas de uma nação, mas anote este número absurdo: 107,7 bilhões de reais. Foi isso que o Brasil (União) pagou de juros em 2011 até setembro passado. Projetando para um ano inteiro serão 143,6 bilhões de reais. Em 2015, com a taxa selic além dos 12%, tudo o que é economizado pelo governo (superavit primário) às custos de cortes em programas importantes, some no ralo deste aumento da taxa de juros. É uma vergonha.

É claro que o capital financeiro deve ser bem remunerado. É ele que irriga as artérias da economia nacional, todavia, por que não à taxas bem menores? 


A Rocinha é a vista verdadeira da janela dos fundos do Brasil. Sabe o que significaram em termos de juros os oito anos de mandato dos Presidentes FHC e Lula? A "bagatela" de 2,2 trilhões de reais. 

Metade disso teria eliminado o vácuo de poder do Estado em todas as rocinhas do Brasil. A miséria foi repartida com os que já eram pobres e a gordura (juros) do Brasil foi entregue aos grandes banqueiros e especuladores mundiais. Não estou me juntando a um saco de gatos comunistas, mas se estes recursos fossem bem empregados na EDUCAÇÃO, este país seguiria o mesmo caminho, por exemplo, da Coreia de Sul e da China.

As próximas informações vieram da site do Tesouro Nacional (STN), onde são publicados os RREOs - Relatório Resumido da Execução Orçamentária (Anexos I e II). Estou familiarizado com elas, pois além de blogueiro, sou contador público, tendo já publicado tais relatórios por mais de seis anos na Prefeitura de São Paulo. Então vamos a elas:


Período: setembro 2011

TabJoao


Olhando sem muita cerimônia para os dados da tabela, você há de convir que: A soma dos orçamentos da Saúde, Educação e Assistência Social - é praticamente o que a União previu e já pagou de JUROS em 2011.

Não sou nenhum idiota anticapitalista nem nunca cri na utopia marxista. No entanto sou cristão, e como tal acho uma vergonha o discurso ufanista que PT/PSDB vêm matraqueando neste país. Foi feito alguma coisa? Foi. Mas para tantos anos de miséria que este país passou, ainda serão necessários igual tanto, para distribuir melhor a renda e zerar a dívida social. Mas de que forma, se ainda pagamos os juros mais altos do mundo?

Quando é que vai sobrar alguma coisa para investir nas periferias das grandes Cidades? A ocupação da Rocinha no Rio, para mim não passa de um grande teatro, onde se vende a ilusão de que o poder paralelo do tráfico está dominado.

Não! Não está dominado coisa nenhuma.

Há centenas de outras rocinhas crescendo neste momento por aí. O maldito tripé droga+traficante+polícia se mostrou um negócio viável, para a infelicidade dos mais pobres.

É preciso mais distribuição de renda. Estes garotos que crescem nas "rocinhas" precisam de algum tipo política pública, para não recorrerem aos empregos informais do tráfico. Trabalho abaixo dos 16 anos "não pode", mas os empresários do pó têm seus próprios regulamentos.

As ações do governo na Rocinha do Rio de Janeiro não passa de uma peça de marketing. Elas estão atrasadas, no mínimo, 25 anos. E que não fique escondido de ninguém que o Brasil está pagando de juros, todo ano, a mesma coisa que gasta com Saúde, Educação e Assistência Social.

Pense nisto da próxima vez que olhar para uma favela.

Por fim vou dizer mais um "desatino": acho que o valor dessas bolsas esmolas que o governo dá para esta gente humilde das periferias abandonadas ainda é menor que os tributos que ele retira do consumo das coisinhas que compram.

Isto é uma tristeza!



domingo, outubro 19, 2014

Estímulos educacionais em crianças nos primeiros anos de vida


"Tentar sedimentar num adolescente o conhecimento
que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes,
custa mais e é menos eficiente"
James Heckman

Monica Weinberg
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Entrevista James Heckman

Ao economista americano James Heckman, 65 anos, deve-se a criação de uma série de métodos precisos para avaliar o sucesso de programas sociais e de educação - trabalho pelo qual recebeu o Prêmio Nobel, em 2000. Nessa data, Heckman estava no Rio de Janeiro, numa das dezenas de visitas que já fez ao Brasil. 
Achou que fosse trote quando lhe disseram da premiação. Formado em Princeton e há 36 anos professor da Universidade de Chicago, James Heckman se dedica atualmente a estudar os efeitos dos estímulos educacionais oferecidos às crianças nos primeiros anos de vida - na escola e na própria família. Sua conclusão: "Quanto antes os estímulos vierem, mais chances a criança terá de se tornar um adulto bem-sucedido".

1. Em seus estudos, o senhor conclui que não há política pública mais eficaz do que investir na educação de crianças nos primeiros anos de vida. Por quê?
James Heckman: A educação é crucial para o avanço de um país - e, quanto antes chegar às pessoas, maior será o seu efeito e mais barato ela custará. Basta dizer que tentar sedimentar num adolescente o tipo de conhecimento que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes sai algo como 60% mais caro. Pior ainda: nem sempre o aprendizado tardio é tão eficiente. Não me refiro aqui apenas às habilidades cognitivas convencionais, mas a um conjunto de capacidades que deveriam ser lapidadas em todas as crianças desde os 3, 4 anos de vida.

2. O senhor poderia ser mais específico em relação a essas habilidades?

Há evidências científicas de que dois tipos de habilidade têm enorme influência sobre o sucesso de uma pessoa na vida. No primeiro grupo, situam-se as capacidades cognitivas - aquelas relacionadas ao QI. Por capacidades cognitivas entenda-se algo abrangente, como conseguir enxergar o mundo de forma mais abstrata e lógica. Num outro grupo, igualmente relevante, coloco as habilidades não cognitivas, relacionadas ao autocontrole, à motivação e ao comportamento social. Essas também devem ser estimuladas no começo da vida. Embora sejam cientificamente menosprezadas por muitos, descobri que elas estão diretamente relacionadas ao sucesso na escola - e, mais tarde, no próprio mercado de trabalho.


3. É realmente possível estimular esse tipo de habilidade?

Obviamente, há diferenças entre as pessoas, e estamos falando de capacidades muito relacionadas a personalidade e temperamento. Mas elas podem - e devem - ser melhoradas desde bem cedo. Defendo isso por uma razão: mesmo quando as intervenções em crianças pequenas não têm impacto sobre o QI, elas costumam trazer ótimo resultado sobre as capacidades não cognitivas. Muitos especialistas tendem a reduzir tudo ao QI, que é, logicamente, primordial para prosperar numa sociedade moderna. Hoje, no entanto, não se vai muito longe sem aquilo que poderíamos chamar de traquejo social, ou a capacidade de manter o controle diante de situações adversas. Isso pode ser desenvolvido. E, quanto mais cedo, melhor.


4. O que falta é investir mais na pré-escola?

As escolas têm um papel fundamental, especialmente quanto ao desenvolvimento das habilidades cognitivas. Mas enfatizo ainda a relevância dos programas sociais que tenham foco nas famílias, de modo que elas consigam fornecer os incentivos certos num momento-chave. Iniciativas mínimas têm altíssimo impacto, como o hábito de conversar com os filhos ou emprestar-lhes um livro. Só que alguns pais precisam  ser orientados a fazer isso, daí a necessidade de programas específicos. Não afirmo isso por bom-mocismo ou ideologia, mas com base em evidências. Elas indicam que qualquer tipo de intervenção que consiga despertar o interesse dos pais e fazê-los estimular, desde cedo, o aprendizado cognitivo e emocional dos filhos tem excelente custo-benefício. Infelizmente, governos no mundo inteiro ainda não se  renderam ao que a ciência já sabe.


5. Que tipo de intervenção funciona com as famílias?

Os estudos confirmam que um programa americano da década de 60, o Perry, amplamente copiado por outros países, tem ótimo retorno. Ele consiste, basicamente, em colocar crianças pobres na escola, em salas com poucos alunos, e envolver os pais no processo educativo. O professor visita as famílias para informar o que está sendo ensinado na aula, de modo que passem a participar mais ativamente. Sem esse amparo dos pais, dificilmente uma criança vai ter motivação para aprender, o que tende a se perpetuar no curso da vida escolar e resultar em adultos sem sucesso. Está provado que a família é o fator isolado que mais explica as desigualdades numa sociedade como a brasileira. Sob esse prisma, uma criança do Nordeste começa a vida em franca desvantagem em relação a uma do Sudeste. Com programas como esses, a ideia é tentar atenuar as diferenças no ponto de partida.


6. O que alguém que não desenvolve as principais habilidades nos primeiros anos de vida deve esperar?

Os números são espantosos. Uma criança de 8 anos que recebeu estímulos cognitivos aos 3 conta com um vocabulário de cerca de 12 000 palavras - o triplo do de um aluno sem a mesma base precoce. E a tendência é que essa diferença se agrave. Faz sentido. Como esperar que alguém que domine tão poucas palavras consiga aprender as estruturas mais complexas de uma língua, necessárias para o aprendizado de qualquer disciplina? Por isso as lacunas da primeira infância atrapalham tanto. Sempre as comparo aos alicerces de um prédio. Se a base for ruim, o edifício desmoronará.


7. O senhor parece fatalista.

Não sou. Acho uma bobagem o que pregam os cientistas que até hoje defendem a tese das janelas de oportunidade. Segundo essa teoria, existe um único momento na vida para aprender cada coisa. Ao contrário desses colegas, vejo o aprendizado como um processo bem mais flexível. É verdade que, por volta dos 10 anos, como mostram os estudos científicos, as habilidades cognitivas já estão cristalizadas e se torna bem mais difícil desenvolvê-las. Mas não é impossível. A questão central é que isso demandará mais tempo, custará mais caro e não necessariamente produzirá os mesmos resultados.


8. Por que é tão mais caro para uma sociedade educar suas crianças depois que elas já passaram pelos primeiros anos de vida?

É mais lento aprender toda uma gama de coisas depois da primeira infância e também porque a ausência dos incentivos corretos nessa fase da vida está associada a diversos indicadores ruins. Entre eles, evasão escolar, gravidez na adolescência, criminalidade e até os índices de tabagismo - sempre mais altos em sociedades incapazes de fornecer às suas crianças uma educação apropriada nos primeiros anos de vida. É claro que a falta de incentivos numa única fase da vida não explica 100% da ocorrência desses problemas, mas diria que o peso é grande. E isso tem seu preço. A criminalidade, por exemplo, pode ser reduzida, basicamente, de duas maneiras: investindo cedo em educação ou reforçando o policiamento nas ruas. Calculo que a opção pelo ensino custe algo como um décimo do gasto com segurança. Os Estados Unidos gastam trilhões de dólares a mais por ano só porque não entenderam isso.


9. Se há tanta clareza sobre os benefícios de programas que mirem os primeiros anos de vida de uma criança, por que os governos ainda resistem a essa ideia?

Há, sem dúvida nenhuma, alguma ignorância sobre o que a ciência já desvendou - mas isso é só uma parte do problema. A outra diz respeito a uma questão mais política. Para investir em programas com o objetivo de intervir nas famílias, é preciso, antes de tudo, reconhecer que há algo de errado com elas. Um ônus com o qual os políticos não querem arcar. Eles passam ao largo dos fatos e, pior ainda, divulgam uma imagem mistificada. Nessa visão ingênua, a família é uma unidade inabalável, que invariavelmente proporciona às crianças bem-estar. Além de não corresponder à realidade, essa imagem idílica só atrapalha, uma vez que ofusca o problema. Mais de 10% das crianças americanas são indesejadas, e muitas dessas jamais chegam a conhecer seus pais. Que tipo de incentivo para aprender se pode esperar numa situação dessas?


10. Um colega seu na Universidade de Chicago, o economista Steven Levitt, apresenta em seu livro Freakonomics uma opinião diferente da sua sobre a influência da família na vida dos filhos.

Levitt descambou para a simplificação absoluta de questões complexas, perigo eterno no meio acadêmico, sobretudo entre os economistas. Tendo bons números na mão, é sempre possível construir argumentos persuasivos, ainda que não passem de ciência social ruim. Uma das maiores bobagens de Levitt é justamente partir do pressuposto de que, se uma criança nasce em desvantagem, numa família que não lhe fornece nenhuma espécie de incentivo, não há nada a ser feito em relação a isso. Eu estou convicto do contrário. Só que é preciso começar cedo.


11. O Brasil investe sete vezes mais dinheiro no ensino superior do que na educação básica. O senhor considera essa uma inversão de prioridades?

Todo país precisa de boas universidades para formar cérebros e se tornar produtivo. É básico. Mas um país como o Brasil só conseguirá realmente alcançar altos índices de produtividade quando entender que é necessário mirar nos anos iniciais. Eles são decisivos para moldar habilidades que servirão de base para que outras surjam - um ciclo virtuoso do qual resulta gente preparada para produzir riquezas para si mesma e para seus países. Os governos, no entanto, têm se mostrado bastante ineficazes ao proporcionar esse ciclo.


12. Os educadores costumam dar muita ênfase à falta de dinheiro para a educação. Esse é realmente o problema fundamental?

O problema existe, mas não é o principal. O que realmente atrapalha nessa área é a péssima gestão do dinheiro. Se os governantes fossem um pouco mais eficazes, conseguiriam colher resultados infinitamente melhores. Em primeiro lugar, deveriam passar a tomar suas decisões com base na ciência, e não em critérios políticos ou ideológicos, como é mais comum. Veja o que aconteceu no caso da pesquisa com as células-tronco. Apesar de todas as evidências de que poderiam ser cruciais para curar doenças, deixamos de estudá-las durante oito anos nos Estados Unidos - isso por razões políticas. Um exemplo de obscurantismo em pleno século XXI. Na educação, há sempre a tentação de reduzir a discussão à luta do capitalismo contra o marxismo, da direita contra a esquerda ou de antissindicalistas contra sindicalizados. Meu esforço é justamente para trazer o debate a bases objetivas - e econômicas.


13. O que está comprovado sobre os benefícios da educação para um país?

Cada dólar gasto na educação de uma pessoa significa que ela produzirá algo como 10 centavos a mais por ano ao longo de toda a sua vida. Não há investimento melhor. A ideia é fornecer incentivos suficientes para que o talento atinja sempre o maior nível possível. Só com gente assim a Irlanda, por exemplo, conseguiu tirar proveito das oportunidades que surgiram depois que o país se integrou à economia mundial. É também o que ajuda a explicar o acelerado enriquecimento da Coreia do Sul nas últimas décadas. Nesse cenário, não há melhor aplicação do que canalizar o dinheiro para a formação de crianças em seus primeiros anos de vida. Insisto nisso porque são os países que já estão nesse caminho justamente os que se tornam mais competitivos - e despontaram na economia mundial.


Fim.


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Os cinco segredos da Educação na Finlândia

Thomaz Favaro


A Finlândia é um país do norte europeu, tem uma população de 559 mil habitantes e ocupa hoje o topo do ranking da qualidade no ensino com base em testes da OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. No teste de 2006, enquanto o Brasil amargava as últimas posições no resultado, a Finlândia ficou em 1º lugar em Ciências, 1º  em Matemática e 2º lugar em Leitura. O Brasil cravou os 52º, 53º e 48º lugares.


Os estudantes finlandeses são os mais bem preparados do mundo e aqui estão os cinco segredos da Escola finladesa:

1 . O professor - o vestibular para professor é um dos mais disputados do país. De cada 10 candidatos, apenas um é aprovado. A Exigência dos professores é muito alta; o mestrado é pré-requisito para lecionar em cursos posteriores à pré-escola.

2 . Qualidade igual para todos - O desempenho das escolas em todo o país apresenta a mínima variação, a menor do mundo. O governo tem um sistema sigiloso de avaliação das escolas, enquanto seus diretores estão informados quanto ao desempenho de cada uma.

3 . Os alunos com dificuldades não são deixados para trás. Dois em cada dez alunos recebem aulas de reforço. Os índices de repetência são baixos e a auto-estima bem cuidada.


4 . Grade curricular ampliada - além do currículo padrão, há aulas de música, ecologia, artes, economia do lar e ética. O ensino de duas línguas estrangeiras é obrigatório; a critério do aluno, ele ainda pode optar por mais duas. 

5 . Prazer de estudar - Os diretores e professores são responsáveis pela criação de um ambiente agradável aos estudantes. A carga horária é bem dosada. A partir da 7ª série, os alunos estão livres para escolher algumas disciplinas com as quais têm maior afinidade.

Fonte para o artigo: Veja/20/02/08



João Cruzué
cruzue@gmail.com

domingo, setembro 21, 2014

Brasil: 500 anos de atraso na Educação.


POR JOÃO CRUZUÉ

Em fevereiro de 2008, eu publiquei um comentário sobre o discurso do Senador Cristovam Buarque entitulado: País Ameaçado. Na ocasião o ex-Ministro fazia um Raio-x da situação educacional brasileira e dizia que o Brasil sofreria a invasão de 72 milhões de pessoas que por não possuir nem o ensino fundamental poderiam engrossar nos anos seguintes as estatísticas de violência, corrupção, baixa produtividade e falta de capacidade para criar capital/conhecimento. Ele dizia tudo isto com base nas estatísticas eleitorais de 2008. O que mudou de lá para cá? É esta a nossa proposta de análise.

Vou começar apresentando um quadro comparativo de instrução entre o Brasil e Estados Unidos. As bases de comparação são as seguintes: No Brasil, a base é a estatística eleitoral de 2014 do TSE. A base dos Estados Unidos é de 2013, população com 18 anos para cima, publicada pelo census.gov, o ibge americano. Na minha opinião as bases são aceitáveis para uma comparação de índices.

Tabela de João Cruzué
(em milhares)
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BRASIL

Grau de Instrução

ESTADOS UNIDOS
Eleitorado
%
%
18 anos e +
7.389
  5,17
Analfabeto
  0,35
837
67.791
47,47
Sem ensino fundamental
  8,00
18.966
105.603
73,94
Sem ensino médio
12,56
29.759
23.839
16,69
Ensino médio completo
29,54
69.985
134.783
94,37
Sem curso superior
61,71
146.211
8.039
  5,63
Graduados e +
38,29
90.718
142.822
100
Total
100
236.929
BRASIL: http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais-2014-eleitorado - acesso em 7.9.2014
EUA: http://www.census.gov/hhes/socdemo/education/data/cps/2013/tables.html - acesso em 7.9.2014


Vamos iniciar, comparando o déficit de instrução dos dois países. Enquanto nos EUA há 61,71% de pessoas que ainda não possuem graduação superior, no Brasil este índice chega a 94,37%. A tradução disso fica mais fácil assim: para cada 100 americanos, 38 possuem graduação superior. No Brasil  há somente 6 brasileiros graduados em cada 100. Uma vergonha!

A primeira Universidade brasileira, a Universidade Federal do Paraná foi instituída em 1912,ou seja 412 anos depois do descobrimento do Brasil. Harvard, a primeira faculdade americana foi fundada em 1636, passando a ser chamada de Universidade em 1780.

Em 25 de junho de 2014 foi aprovado o novo Plano Nacional de Educação do Brasil, com vigência até 2024. Segundo o Senador Buarque, o Brasil já está gastando 300 bilhões de reais por ano na Educação. Nesta toada, em 10 anos serão despejados no ensino nacional 3 trilhões de reais. A julgar pelos índices do IDEB de 2013, recém divulgados pelo INEP, o país corre o sério risco de ficar estagnado ou mesmo regredir na avaliação dos próximos 10 anos, mesmo despejando 3 trilhões de reais na educação.

Há vários fatores que contribuem para isto. Por exemplo, o magistério do ensino básico é um profissão que ganha um dos menores salários. Em países que se primam por uma educação de alta qualidade (Coreia do Sul, Finlândia) o cargo de professor é cobiçado porque alcança uma das melhores remunerações. Por outro lado, para pertencer ao magistérios nestes dois países, a disputa é acirrada. Somente os que concluem sua graduação entre os 10% melhores são recrutados para o magistério na Finlândia, enquanto que na Coreia do Sul a exigência é ainda maior: entre os 5% melhores. Alta remuneração, para alta qualificação.

Para melhorar o ensino básico no Brasil é preciso contrariar grandes interesses corporativos: os sindicatos de professores, por exemplo. Se hoje fosse decidido que o recrutamento de professores seguisse um padrão "Finlândia" por exemplo, o edital do concurso seria declarado nulo. E se fosse melhorar o salário do professor subindo para 10 mil reais por mês, com base na qualidade de sua formação, os sindicados iriam exigir o mesmo salário para todos, independentemente de formação, graduação ou performance.

Enquanto isso acontece aqui, o mundo lá fora estuda e fala no mínimo duas línguas: a nativa e o inglês.

Desse jeito, sem agregar conhecimento científico à mão de obra,  vamos continuar vendendo uma tonelada de minério de ferro por  R$ 194  reais e comprando um kg de computador por R$ 500 reais.

O mais curioso de tudo isto é que há mais de 130 anos, Rui Barbosa  foi convidado pelo Imperador Dom Pedro II para uma reunião no Palácio. O jovem Rui, militante do Partido Liberal, escrevera o Primeiro Plano Educacional brasileiro, trazia tudo anotado e comentado.  Mesmo sendo da oposição, impressionou sua Alteza Real, que em pouco tempo mandou condecorá-lo com o título de Conselheiro do Império. Sabe qual era o argumento de Barbosa para criação de um curso secundário voltado para o ensino técnico industrial? Que embora os Estados Unidos fossem um país agrícola, lá havia escola para capacitar os moços americanos para processar os alimentos produzidos com a finalidade de agregar-lhes valor. Com isto, em lugar de vender o produto in natura a preço baixo, vende-lo-ia já processado e mais caro.

Infelizmente, hoje, em pleno século XXI ainda estamos vendendo comodities (soja, café, carne e minério de ferro) e importando produtos industrializados - inclusive, 891 mil toneladas de gasolina no último semestre deste ano. Isto com certeza é resultado de termos apenas 6 brasileiros em cada 100, com diploma de nível superior. O outro dado é o recrudescimento da violência, previsto pelo Senador Buarque.





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terça-feira, abril 08, 2014

País ameaçado pelo abandono da Educação

Photobucket

João Cruzué

Dia 31 de janeiro, foi publicado um artigo do ex-ministro da Educação, Senador Cristovam Buarque, no Jornal Folha de São Paulo, página 3A, sob o título - "País Ameaçado". Ali o Senador tomou dados da base estatística dos eleitores brasileiros publicados pelo TSE e fez uma análise de seis tópicos. Esse artigo sobre o abandono da educação no Brasil vem martelando minha mente e quero dizer algo mais abaixo, depois da análise de quem é do ramo.

O Tribunal Superior Eleitoral - TSE , segundo o ministro, mostra os seguintes dados: 104 milhões de brasileiros - no momento do cadastramento - declararam não possuir o ensino médio completo; deles, 72 milhões, que não tinham concluído o ensino fundamental, e destes: 28,8 milhões declararam-se analfabetos.

Dr. Cristovam afirmou que o Brasil está ameaçado por um exército de 72 milhões de adultos, que serão os agentes de desagregação social nos próximos 30 anos, não por culpa deles, mas por falha do governo que abandonou a educação do Brasil. Em seguida veremos sua análise em seis parta depois resumir e tecer nossos comentários.

Democracia - O ministro disse que o eleitor sabe votar corretamente, mas sem educação, não tem alternativas de emprego e precisa de soluções imediatas para seus problemas - a famosa pirâmide de Abraham Harold Maslow ( 1908 - 1970). Em vez de votar naquele candidato que propõe mudar o quadro do futuro da saúde, vai votar naquele que lhe oferece uma caixa de remédios, por causa de uma doença atual. "É um voto inteligente" - disse ele, mas que fragiliza a democracia e leva ao aumento da corrupção.

Corrupção: O pleito democrático em que participam eleitores sem alternativas induz a compra e venda de votos, daí vem o descompromisso do eleito com o eleitor e o uso do cargo em benefício próprio. O eleitor que não tem qualificação perde o direito de cobrar do seu representante.

Economia: Hoje não há futuro para uma economia cuja mão de obra não seja altamente qualificada, com trabalhadores preparados para para operar maquinas e instrumentos modernos. Também não há futuro para uma economia que não é capaz de criar know-how. Sem reposição de recursos humanos qualificados nas universidades não haverá o desenvolvimento de técnicas com base nas ciências que o mundo de hoje exige.

Emprego: a empresas estão trocando empregados por operadores, pessoas qualificadas para operar ferramentas inteligentes, através de computadores. Isso exige, no mínimo, segundo grau completo, uso de idiomas , inclusão digital.

Segurança: é possível que a maldade seja uma característica inerente em maior grau entre educados que iletrados. Mas, sem alternativa de emprego, estes últimos ficam sem renda par sobreviver e mais facilmente caem na tentação de pequenos crimes - se ficarem impunes, terão incentivo à criminalidade; se forem presos, cairão no "colo" das universidades do crime, que são as cadeias e presídios superlotados deste país.

Desigualdade: Os dados do TSE não mostram a desigualdade entre o nível de educação do eleitor pobre e do eleitor rico. Eles mostra, sim, a desigualdade regional do acesso à educação. O aumento da desigualdade entre as pessoas e entre as regiões são favas contadas, a julgar pelos dados. Alguns conseguem educar-se, têm alternativas, empregos, renda. Outros ficam excluídos.

O Ministro concluiu: "O pior é que os educados não despertam para os riscos que o país corre. Uma parte nem deseja mudanças, outra defende o voto dos analfabetos sem defender a erradicação do analfabetismo; defende que o capital do patrão deve passar para às mãos dos trabalhadores, mas não defende que a escola do filho do operário seja tão boa quanto a do filho do patrão - como venho defendendo. Aos eleitores sem alternativas pela falta de acesso à educação podemos perdoar suas opções eleitorais, aos eleitores educados não há perdão pela imoral tolerância quanto a mãe de todos os problemas: o abandono da educação."

Nossos comentários

Vamos 
comentar a análise do ministro sob o ponto de vista estritamente cristão, que é um olhar compassivo, pragmático, crítico, oferecendo sugestões e alternativas a luz da Bíblia. Dito isto, agora podemos ir aos fatos e comentar sobre a importância da análise dos seis pontos que o ex-Ministro da Educação, Cristovam Buarque fez.

Iniciamos, dizendo que uma análise foi feita por quem de fato entende do assunto. Antes, dizíamos - um raio-x - hoje podemos afirmar: que foi realizado uma ressonância magnética ou uma tomografia computadorizada. Temos uma boa análise.

Quanto aos dados estatísticos, á primeira vista poderíamos dizer que não seriam reais, uma vez que são dados obtidos na data do cadastramento de cada eleitor. A quantidade de analfabetos, com certeza deve ter caído muito. Mas de acordo com a realidade brasileira, sei que há milhões de eleitores aprenderam a ler, mas não entendem o texto. Trocando seis por meia dúzia não discordaria dos elementos estatísticos usados pelo Senador..

Como contador público, na área da saúde; lido com orçamentos, empenhos, licitações, balanços - entendo um pouco de finanças públicas, e sei onde estão os dados. Segundo o relatório Anexo II do RREO - Relatório Resumido da Execução Orçamentária com dados até novembro de 2007 - publicado na página 14/52 pela Secretaria do Tesouro Nacional o Governo Federal (exclusive estados e municípios) gastou de janeiro a novembro deste ano: 229,3 bilhões em previdência,
 40,5 bilhões em saúde e 20,1 bilhões em educação - de um orçamento da despesa fixada para 2007 em 1,5 trilhão. Eis os números.

Em outra averiguação, vi que gastou-se uma fortuna em programas para ensinar o brasileiro a ler. Ele de fato lê, mais isto é muito pouco em relação a ter educação disponível onde ele está, e na qualidade demandada pela economia mundial em guerra tecnológica constante. O subdesenvolvimento significa estar sempre um ou mais passos atrás dos outros países.

Irrita-me aquele verso do Hino Nacional brasileiro que retrata nossa situação: "Deitado eternamente em berço esplêndido. Foi ótimo o empenho do governo nos últimos dez anos para erradicar o analfabetismo no país. Isto é louvável. Mas segundo os dados analisados pelo ministro temos 72 milhões de analfabetos tecnológicos - quase a metade da população brasileira. Eles vão ganhar pouco, comprar pouco, produzir pouco, contribuir pouco e ter pouca qualidade de vida e podem ser, diante das circunstâncias, massa de manobra de políticos espertos.

Atuei tanto em comunidades católicas quanto evangélicas em programas de erradicação de analfabetismo recentes. Minha esposa e eu, como professores, tivemos muitas alegrias em observar que muitos alunos nossos concluíram o segundo grau, e alguns deles estão se graduando em cursos superiores. Na Igreja onde servi como pastor, lutei contra o analfabetismo ensinando alguns irmãos a ler e escrever com aulas em horários definidos. A mesma coisa aconteceu em todo o Brasil por empenho de pessoas de todos os credos. Sei que muitas empresas também se preocuparam com as instrução de seus colaboradores e os ensinaram a ler e a entender o que liam.
 Fizemos o nosso dever de casa.

Mas nossa tarefa não terminou. Voltando agora para um ângulo de visão religioso e observando com olhos cristãos estamos diante de uma nação cujo povo por falta de acesso a um ensino de qualidade equivalente aos países desenvolvidos está com seu futuro comprometido quanto aos próximos 30 anos, pois 72 milhões de pessoas não vão utilizar todo o potencial que poderiam por falto de capacitação educacional.

A menos que demos graças por isso, o que me recuso a fazer, a previsão do ministro pode cumprir-se integralmente. Deus exige de nós, as pessoas letradas, como também disse o ministro, uma atitide de bons samaritanos. Pelo que eu saiba, não havia analfabetos entre os judeus do tempo de Cristo. Ainda, que os judeus depois da diaspóra, sempre se viravam bem onde quer que estivessem pois nunca foram analfabetos diante da ciência de cada época. Jesus deve ter aprendido a ler com rabinos da sinagoga de Nazaré. A escrita é uma bênção, saber entender o que está escrito é uma bênção maior, e entender os escritos a luz das ciências de nossos dias é um objetivo a ser realizado. Não podemos ser felizes sem amar o próximo, e um dos conceitos cristãos do amor é dar algo sem exigir nada em troca.

Jesus deu sua vida para nos libertar da miséria do pecado. Ele disse: "E conhecereis a verdade e ela vos libertará". Não há liberdade sem a instrução necessária. E São João escreveu: "E conhecemos o amor nisto: que Ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos." Esta é uma verdade terrível: 72 milhões de brasileiros saíram do analfabetismo do"Egito", e no momento estão perambulando, ainda sem direção, no "deserto do Sinai". Para chegar em "Canaã" além de crer no Senhor Jesus é preciso da atuação de muitos "Josués"

Até que ponto existe um comprometimento cristão entre as lideranças evangélicas quando ao desenvolvimento educacional de seus rebanhos? Existe algum tipo incentivo e conselhos de conscientização dos pastores para com a membresia de suas Igrejas? Uma coisa é certa: o que for bom para o fiel, também o será para a Igreja. Um investimento em conselhos e conscientização para com as ovelhas que têm mais necessidades além de ser uma atitude de amor não é de maneira nenhuma tempo perdido. A mudança poderá vir de pequenas atitudes que somadas alcançarão resultados significativos.

Sei que os leitores deste blog participam da inclusão digital. Alguns exercem cargo de liderança em suas comunidades. Suas palavras podem produzir grandes mudanças nos corações das pessoas, assim como aconteceu no relato dos espias, também pode acontecer hoje. Os crentes vêm aos cultos e nós pregamos as palavras de vida eterna para eles. Os verbetes "vitória" e "conquista" estão muito em evidência nos sermões. Então, sabendo que o conhecimento da verdade é causa e a liberdade consequência, o povo cristão precisa saber que há 72 milhões de brasileiros com o futuro comprometido pelos próximos 30 anos, conforme disse o ministro.

E foi assim que Deus falou a Josué: Todo lugar que pisar a planta do seu seu pé, vo-lo tenho dado. Esforça-te Josué, e tem bom ânimo, porque tu farás este povo herdar a terra que jurei a seus pais que lhes daria. É tempo de conscientizar o povo de que a solução não virá do governo, mas do esforço de cada um. Quem ficar esperando vai morrer no deserto - a pouca distância de Canaã
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cruzue@gmail.com

sábado, outubro 09, 2010

Minha Interpretação das estatísticas eleitorais do TSE em 2010

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QUADRO ESTATÍSTICO DOS ELEITORES BRASILEIROS

DISTRIBUÍDOS POR SEXO E GRAU DE INSTRUÇÃO

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João Cruzue

Quero apresentar para você as estatísticas eleitorais do TSE, base julho/2010, com distribuição do eleitorado por sexo e grau de instrução. O retrato do prejuízo sofrido por nosso país por não possuir políticas públicas eficientes está aqui. Não sou especialista no assunto, mas vim de uma família muito humilde. A diferença, eu creio, veio da influência de minha mãe, que aos 15 anos de idade era professora rural. Ela tinha um profundo foco na educação.

Apenas 5,2 milhões de pessoas possuem o grau superior completo. Isto significa que em tese, essas pessoas são potencialmente mais capazes de auferir uma renda maior, de uma forma menos estafante. As mulheres estão na frente dos homens em graduação superior: são quase 3 milhões contra 2.227.953 homens.

Cabe notar que de 135.804.433 eleitores, apenas 5.197.950 têm graduação superior; 135,2 milhões não são graduadas. Quase 100 milhões estão sem o ensino médio. Se partirmos da premissa de que estes 100 milhões brasileiros não são potencialmente capacitados para conseguir uma renda maior, o quanto o país não está deixando de ganhar em termos de riqueza de recursos humanos que, por conseguinte significa menos impostos e menores aposentadorias?

Se alguém estivesse procurando um retrato da situação econômica da população brasileira, infelizmente, as estatísticas periódicas do TSE sempre trazem um retrato fiel de como o Brasil desperdiça seus recursos humanos, por não ter um projeto decente e um gestor eficiente para reduzir esta miséria educacional.

Se todos os 135 milhões de eleitores aptos a votar neste mês de outubro tivessem conquistado uma graduação superior, nosso PIB e riqueza seriam suficientes para nos levar a terceira economia do mundo - ou mais.

Não basta despejar 25% de recursos públicos no ensino fundamental. Por falta de onde gastar, muito dinheiro está sendo desperdiçado em ações que não melhoram o quadro desta foto. É preciso repensar do começo ao fim toda política educacional brasileira, e colocar sua gestão nas mãos de uma pessoa que seja apaixonada pela Educação. É preciso mudar muita coisa. Que país é este, em que o pobre tem pagar uma faculdade particular para estudar à noite, enquanto os que podem pagar estudam de graça?

Por outro lado, a responsabilidade não está apenas na gestão do governo. Se a família não é focada em educação, filhos netos e bisnetos vão continuar ganhando uma renda bem inferior, se comparada com aqueles que se graduam. Além das famílias, também a Igreja deveria trabalhar mais o aconselhamento no mesmo sentido, incentivando seus membros a investir tempo e esforços na educação.

Eu estou chocado com estas estatísticas. Somente 5,2 milhões de pessoas graduadas, e 130 milhões ainda não graduadas. Para quem gosta de porcentagem são 3,8% contra 96,2%. É o país jogando fora trilhões de reais por não conseguir graduação para seus cidadãos. Este é o maior desperdício que este país tem.

Falar de bolsa família diante deste quadro é ofender minha inteligência. Quando uma pessoa se gradua, ela não muda apenas sua capacidade de fazer renda, mas da família inteira. Ela nunca mais vai precisar de bolsa família. Eu prefiro ver todos os jovens brasileiros cursando integralmente uma faculdade, do que recebendo bolsa família a vida inteira. As pessoas precisam de relevância em suas vidas; elas não querem esmola.

Pense bem nisso!


Fonte: TSE


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sábado, fevereiro 02, 2008

Abandonados no deserto

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Dia 31 de janeiro, foi publicado um artigo do ex-ministro da Educação, Senador Cristovam Buarque no Jornal Folha de São Paulo, página 3A, sob o título - "País Ameaçado". Ali o Senador usou dados da base estatística dos eleitores brasileiros publicados pelo TSE para fazer uma análise de seis tópicos. Esse artigo sobre o abandono da educação no Brasil vem martelando minha mente e quero dizer algo mais abaixo, depois da análise de quem é do ramo.

O Tribunal Superior Eleitoral - TSE , segundo o ministro, mostra os seguintes dados: 104 milhões de brasileiros - no momento do cadastramento - declararam não possuir o ensino médio completo; deles, 72 milhões, que não tinham concluído o ensino fundamental, e destes: 28,8 milhões declararam-se analfabetos.

Dr. Cristovam afirmou que o Brasil está ameaçado por um exército de 72 milhões de adultos, que serão os agentes de desagregação social nos próximos 30 anos, não por culpa deles, mas por falha do governo que abandonou a educação do Brasil. Em seguida veremos sua análise em seis parta depois resumir e tecer nossos comentários.

Democracia - O ministro disse que o eleitor sabe votar corretamente, mas sem educação, não tem alternativas de emprego e precisa de soluções imediatas para seus problemas - a famosa pirâmide de Abraham Harold Maslow ( 1908 - 1970). Em vez de votar naquele candidato que propõe mudar o quadro do futuro da saúde, vai votar naquele que lhe oferece uma caixa de remédios, por causa de uma doença atual. "É um voto inteligente" - disse ele, mas que fragiliza a democracia e leva ao aumento da corrupção.

Corrupção: O pleito democrático em que participam eleitores sem alternativas induz a compra e venda de votos, daí vem o descompromisso do eleito com o eleitor e o uso do cargo em benefício próprio. O eleitor que não tem qualificação perde o direito de cobrar do seu representante.

Economia: Hoje não há futuro para uma economia cuja mão de obra não seja altamente qualificada, com trabalhadores preparados para para operar maquinas e instrumentos modernos. Também não há futuro para uma economia que não é capaz de criar know-how. Sem reposição de recursos humanos qualificados nas universidades não haverá o desenvolvimento de técnicas com base nas ciências que o mundo de hoje exige.

Emprego: a empresas estão trocando empregados por operadores, pessoas qualificadas para operar ferramentas inteligentes, através de computadores. Isso exige, no mínimo, segundo grau completo, uso de idiomas , inclusão digital.

Segurança: é possível que a maldade seja uma característica inerente em maior grau entre educados que iletrados. Mas, sem alternativa de emprego, estes últimos ficam sem renda par sobreviver e mais facilmente caem na tentação de pequenos crimes - se ficarem impunes, terão incentivo à criminalidade; se forem presos, cairão no "colo" das universidades do crime, que são as cadeias e presídios superlotados deste país.

Desigualdade: Os dados do TSE não mostram a desigualdade entre o nível de educação do eleitor pobre e do eleitor rico. Eles mostra, sim, a desigualde regional do acesso à educação. O aumento da desigualde entre as pessoas e entre as regiões são favas contadas, a julgar pelos dados. Alguns conseguem educar-se, têm alternativas, empregos, renda. Outros ficam excluídos.

O Ministro concluiu: " O pior é que os educados não despertam para os riscos que o país corre. Uma parte nem deseja mudanças, outra defende o voto dos analfabetos sem defender a erradicação do analfabetismo; defende que o capital do patrão deve passar para às mãos dos trabalhadores, mas não defende que a escola do filho do operário seja tão boa quanto a do filho do patrão - como venho defendendo. Aos eleitores sem alternativas pela falta de acesso à educação podemos perdoar suas opções eleitorais, aos eleitores educados não há perdão pela imoral tolerância quanto a mãe de todos os problemas: o abandono da educação."

Nossos comentários

Vamos
comentar a análise do ministro sob o ponto de vista estritamente cristão, que é um olhar compassivo, pragmático, crítico, oferecendo sugestões e alternativas a luz da Bíblia. Dito isto, agora podemos ir aos fatos e comentar sobre a importância da análise dos seis pontos que o ex-Ministro da Educação, Cristovam Buarque fez.

Iniciamos, dizendo que uma análise foi feita por quem de fato entende do assunto. Antes, dizíamos - um raio-x - hoje podemos afirmar: que foi realizado uma ressonância magnética ou uma tomografia computadorizada. Temos uma boa análise.

Quanto aos dados estatísticos, á primeira vista poderíamos dizer que não seriam reais, uma vez que são dados obtidos na data do cadastramento de cada eleitor. A quantidade de analfabetos, com certeza deve ter caído muito. Mas de acordo com a realidade brasileira, sei que há milhões de eleitores aprenderam a ler, mas não entendem o texto. Trocando seis por meia dúzia não discordaria dos elementos estatísticos usados pelo Senador..

Como contador público, na área da saúde; lido com orçamentos, empenhos, licitações, balanços - entendo um pouco de finanças públicas, e sei onde estão os dados. Segundo o relatório Anexo II do RREO - Relatório Resumido da Execução Orçamentária com dados até novembro de 2007 - publicado na página 14/52 pela Secretaria do Tesouro Nacional o Governo Federal (exclusive estados e municípios) gastou de janeiro a novembro deste ano: 229,3 bilhões em previdência,
40,5 bilhões em saúde e 20,1 bilhões em educação - de um orçamento da despesa fixada para 2007 em 1,5 trilhão. Eis os números.

Em outra averigüação, vi que gastou-se uma fortuna em programas para ensinar o brasileiro a ler. Ele de fato lê, mais isto é muito pouco em relação a ter educação disponível onde ele está, e na qualidade demandada pela economia mundial em guerra tecnológica constante. O subdesenvolvimento significa estar sempre um ou mais passos atrás dos outros países.

Irrita-me aquele verso do Hino Nacional brasileiro que retrata nossa situação: "Deitado eternamente em berço esplêndido. Foi ótimo o empenho do governo nos últimos dez anos para erradicar o analfabetismo no país. Isto é louvável. Mas segundo os dados analisados pelo ministro temos 72 milhões de analfabetos tecnológicos - quase a metade da população brasileira. Eles vão ganhar pouco, comprar pouco, produzir pouco, contribuir pouco e ter pouca qualidade de vida e podem ser, diante das circunstâncias, massa de manobra de políticos espertos.

Atuei tanto em comundades católicas quanto evangélicas em programas de erradicação de analfabetismo recentes. Minha esposa e eu, como professores, tivemos muitas alegrias em observar que muitos alunos nossos concluíram o segundo grau, e alguns deles estão se graduando em cursos superiores. Na Igreja onde servi como pastor, lutei contra o analfabetismo ensinando alguns irmãos a ler e escrever com aulas em horários definidos. A mesma coisa aconteceu em todo o Brasil por empenho de pessoas de todos os credos. Sei que muitas empresas também se preocuparam com as instrução de seus coloboradores e os ensinaram a ler e a entender o que liam.
Fizemos o nosso dever de casa.

Mas nossa tarefa não terminou. Voltando agora para um ângulo de visão religioso e observando com olhos cristãos estamos diante de uma nação cujo povo por falta de acesso a um ensino de qualidade equivalente aos países desenvolvidos está com seu futuro comprometido quanto aos próximos 30 anos, pois 72 milhões de pessoas não vão utilizar todo o potencial que poderiam por falto de capacitação educacional.

A menos que demos graças por isso, o que me recuso a fazer, a previsão do ministro pode cumprir-se integralmente. Deus exige de nós, as pessoas letradas, como também disse o ministro, uma atitide de bons samaritanos. Pelo que eu saiba, não havia analfabetos entre os judeus do tempo de Cristo. Ainda, que os judeus depois da diaspóra, sempre se viravam bem onde quer que estivessem pois nunca foram analfabetos diante da ciência de cada época. Jesus deve ter aprendido a ler com rabinos da sinagoga de Nazaré. A escrita é uma bênção, saber entender o que está escrito é uma bênção maior, e entender os escritos a luz das ciências de nossos dias é um objetivo a ser realizado. Não podemos ser felizes sem amar o próximo, e um dos conceitos cristãos do amor é dar algo sem exigir nada em troca.

Jesus deu sua vida para nos libertar da miséria do pecado. Ele disse: "E conhecereis a verdade e ela vos libertará". Não há liberdade sem a instrução necessária. E São João escreveu: "E conhecemos o amor nisto: que Ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos." Esta é uma verdade terrível: 72 milhões de brasileiros saíram do analfabetismo do"Egito", e no momento estão perambulando, ainda sem direção, no "deserto do Sinai". Para chegar em "Canaã" além de crer no Senhor Jesus é preciso da atuação de muitos "Josués"

Até que ponto existe um comprometimento cristão entre as lideranças evangélicas quando ao desenvolvimento educacional de seus rebanhos? Existe algum tipo incentivo e conselhos de conscientização dos pastores para com a membresia de suas Igrejas? Uma coisa é certa: o que for bom para o fiel, também o será para a Igreja. Um investimento em conselhos e conscientização para com as ovelhas que têm mais necessidades além de ser uma atitude de amor não é de maneira nenhuma tempo perdido. A mudança poderá vir de pequenas atitudes que somadas alcançarão resultados significativos.

Sei que os leitores deste blog participam da inclusão digital. Alguns exercem cargo de liderança em suas comunidades. Suas palavras podem produzir grandes mudanças nos corações das pessoas, assim como aconteceu no relato dos espias, também pode acontecer hoje. Os crentes vêm aos cultos e nós pregramos as palavras de vida eterna para eles. Os verbetes "vitória" e "conquista" estão muito em evidência nos sermões. Então, sabendo que o conhecimento da verdade é causa e a liberdade consequência, o povo cristão precisa saber que há 72 milhões de brasileiros com o futuro comprometido pelos proximos 30 anos, conforme disse o ministro.

E foi assim que Deus falou a Josué: Todo lugar que pisar a planta do seu seu pé, vo-lo tenho dado. Esforça-te Josué, e tem bom ânimo, porque tu farás este povo herdar a terra que jurei a seus pais que lhes daria. É tempo de conscientizar o povo de que a solução não virá do governo, mas do esforço de cada um. Quem ficar esperando vai morrer no deserto - a pouca distância de Canaã.

João Cruzué
para o blog olhar Cristão
cruzue@gmail.com