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domingo, setembro 09, 2012

Bom dia Primavera


Crédito das fotos: João Cruzué
Limão galego - "Citrus aurantiifolia"

Por João Cruzué

Deste pé de limoeiro galego eu colhi um fruto no começo do ano. Tinha sete sementes; todas nasceram. Eu as plantei em sete saquinhos de polietileno. Quatro viajaram para Minas Gerais, meu estado natal. Devem estar com mais de um palmo de altura. Este limão tem um cheiro forte e singular; é o que o diferencia dos outros limões.  Meu saudoso pai, quando fazia rapaduras, espremia o suco de um galego sobre o melado da bica de madeira e agitava para ficar claro, cheiroso e gostoso. Pena que seu fruto seja pequeno.  Aí, é querer demais!

Limão siciliano "Citrus limonia"
Para resolver a preguiça e o tamanho do limão galego, vieram as variedades  "Taiti" e "Siciliano". Grandes, produtivos, de muito suco, mas não tem o cheiro. Eu creio que estes dois frutos acima são de limão siciliano, pois é esférico. O fruto do taiti tem um formato comprido, ou periforme, sei lá.


Mudas de acerola doce -  "Malpighia glabra"

Quem disse  que sementes de acerola são difíceis de nascer? Um desses, eu trouxe de Sorocaba e plantei no meu quintal em São Paulo. Está quase duas vezes maior. Esqueci de dizer, esta variedade de acerola produz um fruto doce. 


Boldo do Chile - "Plectranthus barbatus"
Estas são folhas de um  verdadeiro "boldo do chile". Este pé já alcança mais de 2 metros de altura. Existe um boldo que não cresce dá em moitas e tem folhas pequenas. O tal é perigoso e venenoso, chegando a produzir convulsões nas pessoas que o tomam frequentemente.


Jabuticabeira  - "Myrciaria cauliflora"
Esta jabuticabeira deve ser uma planta enxertada, pois desde pequena  dá frutos. Eu plantei algumas sementes há muito tempo, de uma variedade grande, do Vale do Ribeira, e mesmo depois de 15 anos, ainda não produziu. Está faltando uma dessas no meu quintal. Adoro jabuticabas.


Mudas de couve - "Brassica oleracea" variedade acephala
Eu retirei estas mudinhas de couve das laterais do caule de um pé de couve maior. Eu ainda não tinha experimentado a propagação dentro de saquinhos. Duas dessas mudinhas já estão aí há quase um mês, as outras, há cerca de uma semana. Veja como todas as cinco estão "felizes" e bem pegadinhas? Quando estiverem com um palmo de altura, vou transferi-las para o lugar definitivo. Bem no centro dessas mudas, existe uma muda diferente. Trata-se de uma muda de café. Curioso, esta semente de café nasceu depois de uns 60 dias. É uma das plantas que mais demora a germinar que já vi.


Tinhorão - "Caladiun bicolor"
Estas folhas têm história. Quando minha cunhada, Dalva, era viva, minha esposa e eu costumávamos descer até o Município de Barra do Turvo, viajando pela Rodovia Régis Bittencourt até o km 551, descendo mais uns 35 km. Lá em baixo, estava a Cidade. Na chácara do casal Dalva e Zezinho tinham muitas árvores. Tinha mangueiras, jaqueira, goiabeira, pupunhas, bananeiras (e marimbondos), urucum, pau-brasil, mandiocas. Certo dia, eu pisei em um minúsculo pé de inhame (tinhorão) colorido. A seca estava terrível. Eu peguei aquela pequena plantinha e trouxe para minha casa. Nos primeiros dois anos ela ficava em um vaso menor. Depois eu a mudei para este balde. Aqui, ela já brotou e secou vários anos. Ela brota de tal forma que cobre todo este balde. Depois de mostrar toda sua "vaidade", creio que lá pelo mês de março, ela murcha suas folhas e fica apenas os tubérculos no solo, para brotar de novo, perto da primavera do ano que vem. Estas folhas lindas, me fazem lembrar de Dalva, minha cunhada mais alegre, que se foi em 1º de maio de 2008.



Mudas de couve - "Brassica oleracea" variedade acephala
Repeteco das mudas de couve, fotografadas de outro ângulo. No meio, a muda de café. As primeiras têm poucos dias. A segunda só para germinar levou cerca de 60 dias. O curioso é que são do mesmo tamanho.












sábado, agosto 18, 2012

Um boldo no telhado

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Plectranthus barbatus
João Cruzué

Não sei como, mas bons anos atrás, um galho de boldo foi atirado no telhado da edícula. Em meio a folhas secas, depois molhadas pela chuva paulistana, ele soltou raízes e tornou-se uma touceira. Os anos vieram e se foram, e lá está o pé de boldo; murcho durante a seca, viçoso durante as águas, mas vivo. Muito vivo.

O tempo está muito seco em são Paulo. A chuva não vem há mais de 30 dias. A humidade está abaixo dos 30% e as frentes frias não passam do Rio Grande do Sul. O ano veio chuvoso até meados de julho, e aí, parou. Ao longo da semana, na volta do trabalho, eu não me esqueço de aguar minhas plantinhas. Eu gosto disso. Mudas de maracujá, algumas de pau-ferro, umas carambolinhas antipáticas e anêmicas, as novas mudas de hortelã pimenta, três mudinhas de café que nasceram depois de uns 60 dias; os lírios do sítio da falecida mãe, salsinhas, os três pés de cidra, e duas mudinhas de couve, do único pé corajoso que agradou do meu quintal.

Chegar à noite do trabalho e aguar as plantas do chão é uma coisa; subir no telhado da edícula para molhar a touceira de boldo é outra coisa. Perigosa. Então, hoje pela manhã, depois de mais de 30 dias, enchi o balde d'água e fui presentear meu amigo do telhado. Acho que ele teve sorte de estar vivo, porque cresceu escondido do sol da tarde pela sombra de uma mangueira.

Água. Sombra. E, vida.

Talvez você tenha crescido em um lugar totalmente adverso à vida como o boldo do telhado. Contra todas as expectativas, você está vivo e aguardando com paciência pelo dia que será transplantado para uma terra profunda. 

Enquanto isso,  mesmo debaixo da seca  prolongada do inverno não morreu de sede. Nem morrerá, pois o Senhor não se esquece de você, até que chegue a primavera e depois o verão.

Os vizinhos se admiram: Como foi que este boldo foi parar aí em cima e porque continua vivo? A resposta parece estar naquele versículo do Sermão da Montanha: "Olhai os lírios do campo". Sim, os lírios flores persistentes que brotam na seca do inverno, rompendo o solo ressequido com seus botões de flores. É muito fácil abrir as flores durante as chuvas, mas o lírio mostra todo seu esplendor durante a seca, para mostrar que o Senhor Deus cuida deles.

E, se Deus cuida de lírios e boldos, nunca, jamais se esquecerá das aflições do leitor que vier até aqui "por coincidência" para ouvir uma palavra do Senhor.