sábado, março 12, 2016

Muita letra e pouca fé

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Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR
João Cruzué


Curiosamente, um grande paradoxo tem acontecido em meio ao povo evangélico, nestes últimos 20 anos. Nunca vimos tantas Casas Publicadoras, Seminários, Bíblias de Estudo, Programas em TV, consagrações de Pastores, Bispos, Apóstolos; realizações de Congressos e mais Congressos; construções de templos cada dia maiores e mais suntuosos; bancos de madeira sendo trocados por confortáveis longarinas. Todavia, em meio a este formidável fortalecimento religioso de atividade-meio, a figueira continua produzindo pouquíssimos frutos.

Isto se me parece muito com o vale de ossos secos, do capítulo 37 de Ezequiel. Estive meditando: Se o profeta tivesse profetizado apenas uma única vez, o resultado teria sido um formidável reboliço. Se, por acaso, isto acontecesse em um congresso em nossa época. Os presentes sairiam dizendo que o fogo teria caído de forma espetacular. Mas, nós sabemos que depois da primeira profecia de Ezequiel, o barulho não produziu vida.

Eu fico analisando. Não basta enfiar pelo tímpano dos crentes apenas um monte de palavras com extensas referências bíblicas do aconteceu com Moisés até Saulo de Tarso. Ou mesmo recitar todos os versículos da Bíblica, de cor, durante a pregação. É preciso mais. É preciso se aproximar de Deus para rogar a Ele que ordene o tempo para a segunda e  terceira profecias.

Na segunda vez que Deus mandou Ezequiel profetizar, os ossos foram revestidos de nervos, músculos e pele. Mas os corpos continuavam inertes e sem vida. Mas na terceira vez, no tempo escolhido por JEOVÁ, Deus mandou e o profeta convidou o Espírito Santo para dar vida àqueles mortos.

Imprimir livros, pregar mensagens eloquentes (e aborrecidas também) construir templos, fundar seminários, e consagrar um imenso ministério é muito bom, mas tudo isto não é suficiente para trazer o Espírito de Deus sobre os mortos.

Falar do Espírito Santo, pregar sobre o Espírito Santo, sem andar continuamente na presença de Deus, não traz o verdadeiro Espírito à vida dos crentes. Enrolar a língua, hoje, sem a manifestação dos frutos do Espírito, não é suficiente para dizer que eu esteja cheio do Espírito do Senhor.

Infelizmente, temos uma estrutura de apoio fantástica na Igreja Evangélica brasileira. Vertentes teológicas para todos os gostos, uma multiplicidade de denominações para todos os ouvidos, títulos de lideranças cada dia mais altos, Todavia, um homem cheio da graça, sozinho (Paulo), fez mais pela fé em 10 ou 15 anos de ministério do que todas as  denominações evangélicas brasileiras em 100 anos. Quem foi que profetizou o Espírito Santo na vida de Paulo? Um discípulo de Cristo, chamado Ananias.

Profetizar carro novo, casa com três andares, ou uma empresa que fature 1 milhão de dólares tem sido muito mais fácil do dizer debaixo da graça de Deus: Assim diz o Senhor JEOVÁ: "Vem dos quatro ventos, ó Espírito e assopra sobre estes mortos, para que vivam."








3 comentários:

Eliseu Antonio Gomes disse...

Olá, João.

Acredito que algumas chamadas de Deus para alguns homens são chamadas específicas. Vejo desta maneira as vidas de Moisés e Paulo, respectivamente, para a Antiga e Nova Aliança. Eles foram levantados e escreveram a base da Palavra de Deus (Pentateuco; e Cartas Circulares e Pastorais). Ambos tiveram um encontro sem-igual com o Senhor (Deuteronômio 34.10).

Baseando-se no Pentateuco, todos os outros profetas veterotestamentários usaram sua fé e tiveram a fé inspiradora para escrever livros; e, baseados no ensino de Paulo – que segundo historiadores foi o primeiro a escrever o conteúdo do Novo Testamento – nos dias atuais obtemos a leitura cânon neotestamentário, com a participação de outros escritores juntando-se a ele no labor literário.

Também, entendo que alguns irmãos na Igreja de nossa contemporaneidade, segundo a graça de Deus, alguns são chamados para desempenhar a função de líderes de pastores, outros, pastores em congregações, outros, evangelistas, outros, para dedicarem-se ao ensino, outros, para ajudar financeiramente na obra, ainda, outros, outros, realizar missões transculturais (Romanos 12. 4-8).

Eu me converti nos idos de 1980 do século passado, sou saudosista quando penso nas atividades que desempenhava como novo convertido. O evangelismo das ruas, saindo junto com grupos de jovens, que cantavam durante a reunião noturna, é a situação que permanece mais viva em minha memória, entregávamos panfletos para as pessoas, visitávamos quem estivesse desanimando na fé... Aquele tempo era antes do advento da Internet e essas novas tecnologias da informação. Agora, é possível enviar ofertas por transferência bancária sem sair de casa; a Bíblia é lida em tablets e smartphones; é possível evangelizar via Facebook; ensinar através de sites e blogs, reunir-se e orar em vigílias através de grupos virtuais no Whatsapp...

[continua]

Eliseu Antonio Gomes disse...

[continuação]

Não consegui perceber a existência de um paradoxo no cenário evangélico brasileiro. Eu vejo frutos, dentro do meu raio de visão. Evangelizações, conversões, confraternizações. Mas, a maneira da comunicação da transmissão da mensagem passa por profundas mudanças.

Pela graça de Deus, eventualmente, ao lado de minha esposa, colaboro disponibilizando carona para uma adolescente que participa de cultos a convite de outra que já está convertida. No meio desse trabalho evangelístico há muitas conversas virtuais entre essas duas jovens, que já não se veem como antes, pois o ano letivo mudou e elas que estudaram na mesma classe em 2015, em 2016 frequentam escolas diferentes.

Penso que a construção de novos templos e o melhoramento na parte de conforto nos assentos, é a consequência natural de todo esse trabalho ministerial que descrevi no parágrafo em que cito Romanos 12.4-8. As almas que receberam a pregação do Evangelho chegam ao recinto dos templos e recebem o ensino bíblico e o socorro material. É necessário que haja o espaço físico. Isto lembra aquela história da menina e seu guarda-chuva: a igreja orava pedindo a Deus que chovesse, mas apenas ela estava preparada para a resposta divina e os demais estranhavam seu comportamento movido pela fé de que Deus a ouvia.

Uns saem em campo evangelizando perto ou longe, sobre a supervisão do líder (pastor-presidente), almas se achegam aos templos e são recebidas pela congregação; outros, usam a liberalidade e ajudam com o dinheiro para sustentar missionários, prover os custos de novas construções e melhorias de templos. Tudo isso é o “empunhar do guarda-chuva”.

Fraternalmente, em Cristo,

Eliseu | http://belverede.blogspot.com.br

Eliseu Antonio Gomes disse...

ERRATA:
Baseando-se no Pentateuco, todos os outros profetas veterotestamentários usaram sua fé e tiveram a fé inspirados para escrever livros e, baseados no ensino de Paulo – que segundo historiadores foi o primeiro a escrever o conteúdo do Novo Testamento – nos dias atuais obtemos a leitura cânon neotestamentário, com a participação de outros escritores juntando-se a ele no labor literário.

RETIFICAÇÃO:
Baseando-se no Pentateuco, todos os outros profetas veterotestamentários usaram sua fé e tiveram a fé inspirados para escrever livros [tendo como Bíblia os cinco primeiros livros, obras de Moisés]; e, baseados no ensino de Paulo – que segundo historiadores foi o primeiro a escrever o conteúdo do Novo Testamento – nos dias atuais obtemos a leitura [do] cânon neotestamentário, com a participação de outros escritores juntando-se a [Paulo] no labor literário.