sexta-feira, maio 01, 2015

João, filho de Maria


Por João Cruzué

Eis um assunto que é pouco pregado nos púlpitos: "E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleopas e Maria Madalena" (João 19: 25). O texto revela a decisão de Jesus de assegurar o futuro da própria mãe. Aparentemente, uma decisão muito simples, mas ela escondeu uma escolha muito difícil.

Jesus procurou entre as pessoas amigas, ao pé da cruz, provavelmente, uma pessoa da sua casa, da sua família, da sua parentela e não encontrou ninguém. Então, ele viu a João, o discípulo amado, e fez uma escolha: João, a partir de hoje, cuida da minha mãe. Mãe, eis aí meu amigo João. A partir de hoje, ele vai ser seu filho e cuidar da senhora, e a senhora vai ser a mãe dele.

Onde estavam os irmãos e irmãs de Jesus?

Assim também, acontece hoje no meio cristão. Há muitos filhos e filhas que cantam como anjos, pregam e fazem chorar de emoção as pessoas que os ouvem, mas são ausentes e vazios de amor. Quando Paulo disse: "Ainda que que falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine"(1 Cor. 13: 1)

E Paulo ainda disse: Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel ( I Tim. 5: 8).

É possível ter todos os dons, fazer caridade com todo dinheiro que tiver e, mesmo assim, por dentro ser uma pessoa extremamente egoísta. Jesus não veio procurar dons (folhas) na vida de uma pessoa, mas frutos. 

O fruto é a única coisa que nenhuma árvore pode falsificar. Não se colhe um abacaxi de um pé de banana. Da mesma forma é pela solidariedade, pela compaixão, pela misericórdia que se mede o verdadeiro amor de um cristão. Se ele não exercita estas coisas, é porque ainda não sabe que que tem um coração vazio.

E para completar nossa reflexão, nada como lembrar a diferença entre amor e religião.

Lucas 7: 36-47:

"E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa.  E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com óleo perfumado. E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o unguento.

Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora. E respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre. 

Um certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta. E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais?  E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. 

E ele lhe disse: Julgaste bem. 

E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento. 

Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado, pouco ama."

Diante disso, vem uma pergunta de difícil resposta: Por que Maria, a mãe de Jesus, estava sozinha ao pé da cruz, sem nenhum filho por perto? Santo Agostinho, católico,  dizia que Jesus não tinha irmãos. A Bíblia fala que ele teve irmãos e irmãs.  Posso imaginar o conceito que Jesus tinha deles, ao deixar sua mãe, Maria, na casa de João.

Infelizmente, há muitos religiosos que pensam que são cristãos. Vão frequentemente na Igreja, falam em línguas estranhas, estão em alto conceito em suas Igreja, mas em casa não exercitam um pingo de amor ou solidariedade com os pais. Querem ser servidos, sem nunca servir ao próximo.




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