domingo, janeiro 25, 2015

Os três amigos de Jó e o profeta velho

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Os amigos de Jó

João Cruzué

Estive lendo outro dia o final do Livro de Jó e uma coisa chamou a minha atenção:  A dura cobrança de Deus aos três amigos do patriarca por causa  das palavras maliciosas que falaram. Hoje voltei ao mesmo texto para concluir minha meditação.

Por inveja do diabo Deus permitiu que ele fustigasse a Jó para que negasse o nome de Deus. Primeiro o diabo matou  os filhos de Jó pela espada dos sabeus. Depois queimou as ovelhas e seus pastores com fogo vindo do céu. E ainda,  incitando três bandos de caldeus para roubar os camelos e matar os guardadores. E por fim fez com que um grande vento derrubasse as paredes da casa onde os filhos de Jó estavam reunidos.

Mas não ficou só nisso.

Jó ainda continuava fiel e temente a Deus. O diabo então pediu licença para tocar na saúde de Jó. Tão logo o diabo saiu, o corpo de Jó foi ferido com uma  chaga maligna desde a planta do pé até o alto da cabeça.

A mulher de Jó ao ver tanta desgraça, aconselhou: Amaldiçoa a Deus e morre!

A seguir, no mais profundo desespero, Jó recebeu a visita de seus três amigos mais íntimos:  Elifaz, o tenamita; Bildade, o suita e Zofar, o naamatita. E eles ficaram em silêncio contemplando a profunda desgraça de jós por sete dias e sete noites. E passado este tempo, cada um começou a cobrar de Jó um concerto com Deus, porque chegaram os três a uma conclusão: Jó tinha pecados escondidos e Deus agora o estava castigando.

Interessante é notar que depois do capítulo dois, o diabo volta para a penumbra e deixa de ser protagonista no texto, mas continua manipulando a visão das pessoas próximas de Jó para empurrá-lo na cova. Se ele forçou o vento e fez cair fogo do céu, se ele enviou demônios para levar os sabeus e os caldeus para destruírem os herdeiros e o patrimônio do patriarca, da mesma forma sou levado a entender que a fala da esposa e as repreensões dos três amigos mais íntimos tinham também a mão do gato do diabo.

A Bíblia não fala do destino da mulher de Jó. Mas fala da ira de Deus sobre seus três amigos: Elifaz, Bildade e Sofar. E por que será que Deus acendeu sua ira contra os três? Em primeiro lugar eu penso que eles, em nenhum momento perceberam quem foi o autor das desgraças de Jó. E por que o Espírito de Deus não falava pela boca daqueles três homens? E por que o diabo tinha tanta facilidade em usar suas mentes e bocas para fazer um  serviço sujo? Imagino que a resposta pode estar no primeiro capítulo: Sinceridade, retidão, temor de Deus e desvio do mal. 

Deus cobrou falta de retidão nas palavras dos três. E que palavras eram essas? A princípio cheias de verdade e de sabedoria divina, mas sua fonte era perversa, embora tivessem aparência de santidade tinha origem no coração do diabo. Foram inspiradas para concluir o serviço.

Imagino que os três ficaram muito surpresos quando Deus apareceu e os repreendeu duramente. Mas não estavam eles repetindo corretamente as verdades bíblicas? Sim, estavam. Mas, as estavam falando para a pessoa errada.  As palavras que Deus tinha no coração para que falassem eles nem chegaram perto de conhecer, porque seus corações estavam embotados pelo mau. Religiosos a serviço do diabo. Faz me lembrar a história daquele profeta velho de 1 Reis capítulo 13, em cujo coração só havia cinzas da presença do Espírito Santo de Deus.

Infelizmente, nas Igrejas também há profetas velhos cujo coração há muito está corrompido e quando o diabo precisa de um mensageiro para enganar alguém estão sempre disponíveis. Eles acham que andam na presença de Deus, pensam que estão na presença de Deus, ouvem versículos que os chamam de homens de Deus, mas em seus corações há algo estranho, como que  um vazio e uma tristeza que não tem outra tradução a não ser a ausência do Espírito da alegria de Deus. 

E Deus teve misericórdia dos três amigos de Jó. Tanto teve que os repreendeu e ordenou que levassem sete bezerros e sete carneiros para sacrifício de expiação que somente seria aceito com a oração de um homem que andava - de verdade - na presença de Deus. Este homem era nada mais nada menos que Jó. O amigo que eles falsamente acusaram de ter um pecado escondido.

E Jó orou e Deus aceitou sua oração em favor dos três amigos linguarudos e loucos. Loucos, sim, pois Deus  considerou como loucura as palavras de acusação que falaram contra Jó. 

E o que mais interessante posso ver no capítulo 42, foi que Deus virou o cativeiro no momento que orava pelos três "amigos". A palavra cativeiro mostra que a má sorte repentina de Jó foi causada pela inveja do diabo, mas dentro da permissão de Deus. Certa vez, diante de um milagre, os discípulos perguntaram para Jesus se a causa daquele mal era um pecado familiar, ao que o Senhor respondeu que não, e sim uma ocasião para revelar a glória de Deus.

Eu sei que há muita gente ferida por aí, depois de ter ouvido besteiras de alguém em cima de um púlpito. Jó teve a má sorte virada quando orava por três faladores de coisas indevidas. Se Jó guardou alguma mágoa das palavras destruidoras de seus amigo, ele logo as esqueceu quando os três vieram pedir oração. E mesmo que não viessem, coração de um homem de Deus não pode ser um ninho de mágoas e ressentimentos, sob pena de perder as bênçãos futuros por falta de liberação de perdão.

Jó voltou a andar com muito mais honra e intimidade diante de Deus porque praticou o perdão. E perdoar é a chave que abre os ferrolhos do cativeiro maligno. O diabo manipula na penumbra pessoas próximas para nos ferir e prejudicar. Com isso ele espera que nos desviemos e, consequentemente, deixemos de receber as maiores bênçãos de nossa vida. 

E isso pode acontecer quando julgamos errado. Se os amigos de Jó fossem mesmo homens de Deus, orariam e viriam a saber que a causa da provação de Jó não eram o que eles estavam pensando, mas opressão maligno.  

Quando eles decidiram pela culpa de Jó, não perceberam a presença do diabo. E se não perceberam, era por que eram "profetas velhos" que já tinham perdido a comunhão com Deus, e agora estavam colaborando com o diabo, espalhando maus conselhos para acabar com a autoestima dos outros.



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