domingo, abril 21, 2013

Oração pelos amigos de Jó


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Os amigos de Jó

João Cruzué

Estive lendo outro dia o final do Livro de Jó, e uma coisa chamou-me a atenção:  a dura cobrança que Deus fez aos três amigos do patriarca por causa  das palavras maliciosas que falaram. Hoje voltei ao mesmo texto para concluir minha meditação.

Por inveja do diabo Deus permitiu que ele fustigasse a Jó para que negasse o nome de Deus. Primeiro o diabo matou  os filhos de Jó pela espada dos sabeus. Depois queimou as ovelhas e seus pastores com fogo vindo do céu. E ainda,  incitando três bandos de caldeus para roubar os camelos e matar os guardadores. E por fim fez com que um grande vento derrubasse as paredes da casa onde os filhos de Jó estavam reunidos.

Mas não ficou só nisso.

Jó ainda continuava fiel e temente a Deus. O diabo então pediu licença para tocar na saúde de Jó. Tão logo o diabo saiu, o corpo de Jó foi ferido com uma  chaga maligna desde a planta do pé até o alto da cabeça.

A mulher de Jó ao ver tanta desgraça, aconselhou: Amaldiçoa a Deus e morre!

A seguir, no mais profundo desespero, Jó recebeu a visita de seus três amigos mais íntimos:  Elifaz, o tenamita; Bildade, o suita e Zofar, o naamatita. E eles ficaram em silêncio contemplando a profunda desgraça de jós por sete dias e sete noites. E passado este tempo, cada um começou a cobrar de Jó um concerto com Deus, porque chegaram os três a uma conclusão: Jó tinha pecados escondidos e Deus agora o estava castigando.

Interessante é notar que depois do capítulo dois, o diabo volta para a penumbra e deixa de ser protagonista no texto, mas continua manipulando a visão das pessoas próximas de Jó para empurrá-lo na cova. Se ele forçou o vento e fez cair fogo do céu, se ele enviou demônios para levar os sabeus e os caldeus para destruírem os herdeiros e o patrimônio do patriarca, da mesma forma sou levado a entender que a fala da esposa e as repreensões dos três amigos mais íntimos tinham também a mão do gato do diabo.

A Bíblia não fala do destino da mulher de Jó. Mas fala da ira de Deus sobre seus três amigos: Elifaz, Bildade e Sofar. E por que será que Deus acendeu sua ira contra os três? Em primeiro lugar eu penso que eles, em nenhum momento perceberam quem foi o autor das desgraças de Jó. E por que o Espírito de Deus não falava pela boca daqueles três homens? E por que o diabo tinha tanta facilidade em usar suas mentes e bocas para fazer um  serviço sujo? Imagino que a resposta pode estar no primeiro capítulo: Sinceridade, retidão, temor de Deus e desvio do mal. Deus cobrou falta de retidão nas palavras dos três. E que palavras eram essas? A princípio cheias de verdade e de sabedoria divina, mas sua fonte era perversa, embora tivessem aparência de santidade tinha origem no coração do diabo. Foram inspiradas para concluir o serviço.

Imagino que os três ficaram muito surpresos quando Deus apareceu e os repreendeu duramente. Mas não estavam eles repetindo corretamente as verdades bíblicas? Sim, estavam. Mas, as estavam falando para a pessoa errada.  As palavras que Deus tinha no coração para que falassem eles nem chegaram perto de conhecer, porque seus corações estavam embotados pelo mau. Religiosos a serviço do diabo. Faz me lembrar a história daquele profeta velho de 1 Reis capítulo 13, em cujo coração só havia cinzas da presença do Espírito Santo de Deus.

Infelizmente, nas Igrejas também há profetas velhos cujo coração há muito está corrompido e quando o diabo precisa de um mensageiro para enganar alguém estão sempre disponíveis. Eles acham que andam na presença de Deus, pensam que estão na presença de Deus, ouvem versículos que os chamam de homens de Deus, mas em seus corações há algo estranho, como que  um vazio e uma tristeza que não tem outra tradução a não ser a ausência do Espírito da alegria de Deus. 

E Deus teve misericórdia dos três amigos de Jó. Tanto teve que os repreendeu e ordenou que levassem sete bezerros e sete carneiros para sacrifício de expiação que somente seria aceito com a oração de um homem que andava - de verdade - na presença de Deus. Este homem era nada mais nada menos que Jó. O amigo que eles falsamente acusaram de ter um pecado escondido.

E Jó orou e Deus aceitou sua oração em favor dos três amigos linguarudos e loucos. Loucos, sim, pois Deus  considerou como loucura as palavras de acusação que falaram contra Jó. 

E o que mais interessante posso ver no capítulo 42, foi que Deus virou o cativeiro no momento que orava pelos três "amigos". A palavra cativeiro mostra que a má sorte repentina de Jó foi causada pela inveja do diabo, mas dentro da permissão de Deus. Certa vez, diante de um milagre, os discípulos perguntaram para Jesus se a causa daquele mal era um pecado familiar, ao que o Senhor respondeu que não, e sim uma ocasião para revelar a glória de Deus.

Eu sei que há muita gente ferida por aí, depois de ter ouvido besteiras de alguém em cima de um púlpito. Jó teve a má sorte virada quando orava por três faladores de coisas indevidas. Se Jó guardou alguma mágoa das palavras destruidoras de seus amigo, ele logo as esqueceu quando os três vieram pedir oração. E mesmo que não viessem, coração de um homem de Deus não pode ser um ninho de mágoas e ressentimentos, sob pena de perder as bênçãos futuros por falta de liberação de perdão.

Jó voltou a andar com muito mais honra e intimidade diante de Deus porque praticou o perdão. E perdoar é a chave que abre os ferrolhos do cativeiro maligno. O diabo manipula na penumbra pessoas próximas para nos ferir e prejudicar. Com isso ele espera que nos desviemos e, consequentemente, deixemos de receber as maiores bênçãos de nossa vida. E isso pode acontecer quando julgamos errado: que foram as pessoas e não o diabo a causa de nossas quedas, prejuízos e infortúnios.









5 comentários:

daladier.blogspot.com disse...

E saber que a sorte dele só mudou após orar pelos amigos (inimigos)...? É assim que Deus faz.

Abraços!

Eliseu Antonio Gomes disse...

João.

Sua postagem me fez lembrar os primeiros dias em que descobri e naveguei pela Blogosfera Cristã. Por quê? Porque o conteúdo é edificante, um assunto conhecido, mas apresentado por um ângulo original.

Eu já tive o desprazer de ouvir quem me “aconselhasse” a consertar minha vida diante de Deus, insinuando que meus reveses ocorriam por pecados escondidos e não confessados. Quando isto acontece, a angústia já existente por conta do problema aumenta mais. Diferente do Consolador, que nos aconselha de maneira a diminuir o peso do sofrimento até ficar livre dele por completo.

A oração de Jó por seus pseudos amigos e a mão de Deus libertando –o do cativeiro, me faz lembrar da oração de Salomão pedindo sabedoria para governar bem seus súditos. Duas orações em favor do próximo. Duas orações motivadas pelo amor verdadeiro, o amor desinteressado de 1 Coríntios 13.

Causa alegria saber que Deus respondeu ambos, e foi além os abençoando de maneira inesperada, totalmente surpreendente: dobrou os bens de Jó através de donativos de seus verdadeiros amigos; dobrou o número de filhos de Jó; concedeu o maior volume de riquezas e o Q.I. mais privilegiado à época para Salomão (que já era homem rico e não pediu fortunas e não pensava em ter inteligência avantajada).

Divulguei no meu perfil do Facebook.

Abraço.

E.A.G.

Joao Cruzue disse...


Obrigado pelas visitas, meus Irmãos Daladier e Eliseu Gomes. Foi muito bom ter nos encontrado aqui. Eu, quase não tenho tido mais tempo para escrever, por causa do trabalho e da volta aos estudos.

Grande abraço; a paz do Senhor Jesus.

Pastor Onesíforo disse...

Excelente postagem. De acordo com as escrituras Deus envia o bem e o mal igualmente a justos e pecadores (Eclesiastes), no entanto o mal permitido que acontecesse a Jó é o exemplo da diferença entre os dois.

Pedro Oliveira disse...

Nossa, eu realmente gostei muito do entendimento e da forma que foi exposto nesse texto, excelente!

Agora, o próprio Jó declara que o mal que ele temia lhe sobreveio (Jó 3:25-26). Bem, se tememos algo ruim (ainda mais a ponto de não ter paz), é porque a nossa confiança em Deus não está perfeita, já que todas as coisas cooperam para nosso bem (Romanos 8:28). O medo é uma porta aberta para um ataque maligno, e acredito que no diálogo com Deus, o diabo apenas requisita o que já tinha direito, e isso deve ocorrer sempre contra nós.

Jó foi provado da forma mais dura, perdeu tudo, mas acho que a afronta dos 3 amigos também pode ser um instrumento de Deus para o aprovar: sem dúvida ele saiu da prova fortalecido, uma vez que reconheceu que tinha medo e se permitiu ser tratado.

Não podemos esperar que 'pessoas' não nos decepcionem. As afrontas são necessárias, nos fazem mais fortes. A questão é mantermos o foco na afronta e tirarmos o foco do afrontador. Em outras palavras, nossa tendência natural diante de uma afronta é nos indignarmos contra a pessoa que está nos afrontando, quando na verdade deveríamos olhar para nós mesmos e nos julgarmos: se a afronta é verdadeira, válida nós nos corrigimos e saramos, e se não é válida apenas descartamos, sem revidar como Jesus nos instrui (Lucas 6:29). É nosso dever mais básico perdoar, e ainda devemos sempre orar por quem nos afronta. A 'dura' que Deus deu nos amigos de Jó, é uma prova do verdadeiro Amor, afinal Deus, como todo bom pai, corrige aqueles a quem ama.

Recomendo que ouçam uma ministração do Pastor Lucinho Barreto (disponível no youtube) chamada: A tempestade, a cobra e a ilha. Nela ele fala justamente sobre como diferenciar lutas normais/naturais da vida, os ataques do diabo, e os testes de Deus.

Forte abraço!

Pedro