sábado, fevereiro 09, 2013

As quatro estações do Evangelho

Quatro Estações

.João Cruzué


Ano passado li uma crônica de Carlos Heitor Cony, falando do Bispo. Do bispo da Igreja Universal. De denúncias, perseguições, condenações, charlatanismo, dízimos, Cristo, Maomé, enfim, está lá, no caderno da Ilustrada de sexta, 21.08.2009. Sobraram algumas cotoveladas indiretas, sem grande contundência. Na verdade o texto era um pouco espagueti. Enrolado, enrolado, mas sem radicalizar com sua eminência Universal.

Fiquei com a introspecção dos dois últimos parágrafos. "O que a história realmente conta é que, mais cedo ou mais tarde, quando as religiões são oficializadas, estruturadas em seu culto e doutrina, elas tendem monotomamente perseguir e desprezar os começos de qualquer outro culto ou doutrina. Mas à medida que a "barra" fica pesada, sobretudo para os seguimentos mais miseráveis da sociedade, a busca pelo milagre e pela salvação é boa semente para todo aquele que, em nome desse ou daquele Deus, ofereça à fome da alma humana o milagre da saúde e o pão da esperança."

Bem, a estruturação, a "teologização", a sistematização das funções da Igreja, sem dúvida, burocratizam o sagrado, esfriam o santo e entram em um processo irreversível de entristecimento do Espírito. E no meio dessas cinzas reinam estruturas sinédricas cujos "nicodemos", de vez em quando vão ao Senhor, à noite, para perguntar o que é nascer de novo.

É por isso que no meio dos anos,  décadas,  séculos e milênios, Deus com infinita misericórdia escolhe outros homens para trabalhar na seara. Interessante, é que não perde Seu tempo para assoprar velhas cinzas. Não o fez  em Jerusalém, nem em Roma, nem nas Igrejas tradicionais, e não  o fará nas (ex)pentecostais. Não entendo bem isso, mas é assim que  tem sido.

Edir Macedo Bezerra nasceu em 18 de fevereiro de 1945. Fundou a Igreja Universal em 09 de julho de 1977. É presidente do conselho das Redes de TV Record, Record News, Rede Família de TV. Fundador da Grafica Universal e do Portal Arca da Web. Criador e presidente do Conselho da Rede Aleluia de Rádio. Fundador e responsável pela Igreja Universal do Reino de Deus, com igrejas em mais 100 países da América, África, Europa e Ásia.

Personagem polêmico entre católicos e protestantes, crentes e ateus. A imprensa o chama de charlatão. Os crentes de outras igrejas acham-no de pastor desviado que introduziu sincretismos na Igreja. Os incrédulos e mesmos muitos crentes o chamam de "ladrão". Os Marinhos procuraram, massacrá-lo no início dos anos 90. E 15 anos depois continuam movendo seus "peões" para defenestrá-lo. Se existe uma liderança religiosa que incita as emoções e as paixões de todos os brasileiros ela tem um nome: Bispo Macedo.

Mas, as pessoas se esquecem do outro lado. Se os fiéis da Igreja Universal, hoje, são contados entre 4 e 8 milhões de membros, isso tem que ser creditado primeiro a Deus, depois ao exercício dos talentos do Bispo e de seus auxiliares.

É bem verdade que muitos pastores e bispos, padres e papas, vão comparecer diante do tribunal de Cristo argumentando que operaram muitos milagres, ganharam muitas almas, fizeram muita caridade. Entretanto também é sabido que  o Rei dos reis vai dizer para muitos deles: "Apartai-vos de mim malditos. E também vai dizer o mesmo  para os "santarrões" que nada fizeram, a não ser criticar, que em  vez de colocar seus talentos em ação os enterraram por falta de coragem.


Mas meu verbo neste texto não será para açoitar ao bispo, nem a Cony nem contra os "apóstolos" ou papas emergentes de nossos dias. É contra os imensos montes de cinzas que muitas denominações evangélicas estão se transformando por falta de "fogo" nos altares ou nos púlpitos.

Sobram vaidades, em lugar de projetos sérios. Não há entusiasmo evidente, mas a apatia pode ser vista nos olhos de milhares. Nunca  tantas falculdades de teologia  e, paradoxalmente, essa montanha de diplomas não funciona: são tão estéreis que a fome espiritual já chegou dentro de seus próprios templos. 

Crentes famintos de Deus, mas "cheios" de prosperidade. E neste ano, vi dezenas de grandes pastores largarem seus arados para campanhas políticas atrás de poder temporal. Pelo menos, uma coisa boa aconteceu: É que revelaram  suas verdadeiras faces. Se tivessem mesmo um compromisso com o Senhor, não teriam coragem de abandoná-lo.

O que vai acontecer com esses montes de cinzas? Vai o Senhor promover um novo avivamento sobre eles? Minha experiência de cinquenta e poucos anos me mostra que não. Deus não perdeu seu tempo para avivar a estrutura religiosa do Templo de Jerusalém. Nem reformou a Igreja Católica, apesar da Reforma, nem as Igrejas protestantes tradicionais no início do século XX. Ele criou novas estruturas e deixou as velhas sem a sua presença.

Ele tem por costume escolher homens e mulheres simples, para depois assoprar-lhes o Espírito em suas narinas. E eles saem de suas Igrejas, pois ali não têm voz, para abrirem outras portas. E lá começam do zero. E passados 20, 30, 40  anos constroem ministérios sob a inspiração divina que varrem os quatro continentes. Outros Mirandas, Macedos, Soares, Valdemiros e Malafaias.


E o ciclo da espiral do tempo continua em quatro estações. Avivamento, organizações humanas, burocratização e cinzas. Se não fosse isto, as antigas Igrejas já teriam se arvorado em proprietárias do céu. Seus pastores, bispos e apóstolos seriam profetas da verdade absoluta. Suas famílias em longas dinastias de reis. Deus conhece a fragilidade dos homens e seus planos de vaidade.

Assim como o sol determina as estações do ano, Deus, por sua graça, também promove novos pastores e outros bispos para distribuir o Pão da esperança, o Evangelho, às multidões  famintas e oprimidas pelo diabo.

E eu, aqui, estou lúcido. Consciente e triste em dizer tudo isso. Por outro lado, glorifico o nome do Senhor, pois tenho presenciado o mover da sua mão nas "casas dos Jessés" escolhendo e ungindo homens e grandes ministérios. Eles vêm e passam, mas o nome do Senhor permanece para sempre. E milhões de almas ouvem o Evangelho porque sua Palavra vai, prospera naquilo para que a enviou. Jamais voltará vazia. Se estes líderes religiosos se corrompem, não importa. Deus tem outros tantos mil que ainda não dobraram seus joelhos diante da estátua do engano.


Ebenezer e Maranata!






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Um comentário:

disse...

Amém, acabei de responder seu post anterior e acabei lendo este,muito bom!
Mas, sinceramente estamos passando por um período muito crítico e sem previsão de melhoria,talvez muitos crentes para se evitar o desgaste, vão voltar as cavernas,pq é inútil tentarmos mudar um sistema corrupto,já ficou politizado e logo fica como o Vaticano.