sexta-feira, abril 22, 2011

Memórias da Grande Perseguição na India em 2008


.

PARA NÃO NOS ESQUECERMOS DE 2008


TABIND


Photo: AICC
VHP attack
Agitadores e baderneiros Kandhs da VHP


DATA DA MATÉRIA: OUTUBRO 2008.

Jornal The Times of India


Tradução de João Cruzué

Tão logo a polícia de Kandhmal adotou severas medidas contra os agitadores Kandhs neste distrito do Estado de Orissa, hordas de membros tribais estão abandonando aldeias e se escondendo nas florestas. Este novo fenômeno começou há poucos dias depois que o Ministro Chefe, Naveen Patnaik, sob intenssa pressão do governo Federal [e internacional] para averiguar a violência local, ordenou pesadas e severas medidas contra as pessoas intolerantes, participantes de motins contra os cristãos.

O Governo Central da Índia também disparou [para inglês ver] uma série de fortes advertências ao governador de Orissa, para reveter a situação. O número de detenções de desordeiros no distrito Kandhmal subiu rapidamente para 575 pessoas. Várias aldeias ficaram quase totalmente vazias, em vista das detenções em larga escala. A maior parte dessas pessoas fugiram de suas aldeias" disse um antigo funcionário . Membros da tribo dos Kandh (de Kandhmal), estão em guerra com os Panas, pertencentes à casta Scheduled (anteriormente chamada Dalits) ou intocáveis cuja maioria são cristãos. Os Kandh estão atualmente no foco das autoridades por continuar com os ataques, que começaram no Natal de 2007.

Depois das lembranças dos violentos protestos do final de dezembro terem saído de suas mentes, o assassinato de Swami Laxmanananda Saraswati em 23 de agosto passado veio acrescentar mais lenha em uma fogueira antiga, reacendendo ódio para um ataque em larga escala contra as mesmas pessoas que eles mantêm diferenças durante anos.

"A ação da polícia está prestes a se realizar em tal situação. Além de estar envolvidos em distúrbios há alegações da ameaça de reconversão contra algumas pessoas. Estamos investigando isso," disse Madhusudan Padhi, administrador especial de Kandhmal.

Padhi disse que adotaria medidas para registros em cada campo e pediria às pessoas para anotar suas reclamações, inclusive as ameaças da reconversão, se houver alguma. O número de Cristãos nos campos de refugiados, segundo ele, caiu desde então a um pouco além de 12,000. "Isto é um bom sinal", acrescentou.

Embora os campos de refugiados dirigidos pelo governo forneçam abrigos para muitos, o que emergiu como um novo problema é como levar esta gente de volta para suas casas. A maioria dos refugiados se queixam que estão sendo aterrorizados para se reconverter ao hinduísmo, o que não estão dispostos fazer. A falta do que fazer nos campos, também os está deixando agitados, especialmente os homens.

A vida nos campos de refúgio não é boa, e os relatórios que vêm de lá apontam isso. É praticamente uma vida de cão, pessoas infelizes, que perderam ou deixaram tudo para trás, apressando-se por suas vidas, sem conseguir levar nada. As pessoas defecam ao ar livre e muitas dividem uma única esteira para dormir no chão. Kandhmal é altamente propenso à malária, nem todos têm um mosquiteiro para dormir. As redes fornecidas são pequenas para um adulto.

A situação é tão miserável que às vezes uma barra de sabão ou um pequeno saquinho de óleo são fornecidos para o uso coletivo. Isto vai além do dinheiro gasto pelo Fundo de Contingências para cobrir outras despesas.

Fonte: The Times of India

Comentários de João Cruzué: a repercusão mundial dos motins e da grave perseguição contra cristãos em Kandhmal, distrito de Orissa, não pôde ser abafada ou ignorada. Manifestações de repúdio vindas de vários países surtiram a pressão e os efeitos necessários sobre o Governo Central indiano. Dentre essas manifestações cabe destacar a passeata realizada em Londres. As fotos de selvageria divulgadoas pela Internet e notícias inimagináveis de um país considerado o berço da não violência, do estadista Mahatma Ghandi, chocaram o mundo.

O governo indiano ficou muito envergonhado com o caso do estupro de uma freira por quatro "bestas" hindus, enquanto outra jovem católica de um orfanato foi amarrada e queimada viva. Sua foto divulgada na internet retratou fielmente a pior imagem da perseguição de Kandhmal.

Além da morte de pastores, centenas de igrejas incendiadas, milhares de casas destruídas por baderneiros da VHP - Vishaw Hindu Parishad. Foi esta associação radical hindu que acusou propositalmente os cristãos de Kandhmal de terem assassinado o Swami local. As autoridades hindus, no entanto, estão prestes a colocar as mãos nos verdadeiros assinos: um grupo de maoistas. Mao Tse-tung se foi, mas ainda deixou algumas bestas como seguidores.

Andei recebendo comentários de estrangeiros justificando que os fundamentalistas hindus estão cobertos de razão em perseguir cristãos, pois em um passado de 200 ou mais anos, foram humilhado por estes. Minha resposta será sempre a mesma: um erro não justifica o outro. Uma matança atual não deve ser escondida debaixo do tapete da indiferença e não se justifica por causa do passado. Toda pessoa deve ser respeitada. Não importa sua cor, raça, religião ou com gostam de dizer os gays - sua opção sexual. Tirar a vida de alguém em nome de qualquer justificativa hoje é uma barbárie e não tem suporte bíblico sob égide do Novo Testamento firmado com o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Quero terminar, dizendo que voltei a pesquisar o assunto para ver se as medidas para conter as ações da VHP eram para valer ou de "mentirinha". Com isso cheguei a um relatório de uma comissão de sindicância do governo indiano que detectou que a perseguição continua. Não matando e incendiando pessoas e casas. Ela assumiu outra forma. Silenciosa, mas opressora. Cristãos estão impedidos de usar Taxis e comprar remédios e bems de primeira necessidade nas vilas. Quem transportar enfermos ou até mesmo defuntos têm recebido multa e se reincidir perta a habilitação e o veículo. Vou deixar o link da tradução do relatório que fiz aqui: Relatório.



Para se aprofundar no assunto:


Razões da Perseguição

Manifestação na ONU

Radicalismo Hindu





João Cruzué. SP. 22.04.2011.

.


cruzue@gmail.com



.


Nenhum comentário: